VIDA URBANA
Violência sexual é descoberta com DNA
Vestígios de sangue ou de sêmen coletados na cena do crime podem ajudar a traçar a identidade genética.
Publicado em 18/10/2015 às 17:10
Imagine a seguinte cena de crime: um cadáver, sangue no chão e sêmen nas vestes da vítima, indicando que houve violência sexual. Ao ser acionada pela autoridade policial, a perícia vai coletar todos os vestígios deixados no local, sobretudo o material biológico (nesse caso, o sangue, o sêmen e outro mais que houver, como suor, por exemplo). A partir dessa coleta, é traçado o perfil genético do criminoso. É possível que a essa altura a polícia ainda nem tenha ideia de quem seja o suspeito, mas sua identidade genética já está guardada – e bem guardada.
A informação que está no banco de DNA é cruzada com outros perfis armazenados na rede integrada. É nesse cruzamento que a polícia pode se surpreender com a chamada coincidência genética. Quando isso acontece, o suspeito é colocado diretamente na cena do crime, segundo explicou Carmem Leda Gambarra, gerente do laboratório de DNA da Paraíba.
Há 4 anos, em João Pessoa, a denúncia de que uma menina de 9 anos tinha sido estuprada levou a polícia a descobrir que o publicitário Abner Machado havia feito não apenas uma vítima, o que já seria estarrecedor, mas várias. Primeiro, a polícia foi até o local onde ele havia estuprado a menina – em um apartamento no bairro do Cristo Redentor. Nesse local, os peritos encontraram material genético de Abner. Foi um tiro certeiro.
Quando o DNA do suspeito foi jogado no banco do IPC, o cruzamento de informações mostrou um resultado impressionante até mesmo para a polícia. O perfil genético dele (encontrado na cena do crime de estupro e nas partes íntimas da vítima) era compatível com o de outras crianças e adolescentes que foram ao Instituto de Medicina Legal (IML) fazer exame de corpo de delito após terem sido estupradas. “Ele foi preso pelo caso de uma menina de 9 anos, mas já existiam outras vítimas, conforme o banco nos revelou. É uma ferramenta muito importante na investigação policial”, declarou.
O material genético das vítimas é coletado quando a pessoa procura o IML após um caso de estupro, por exemplo. Segundo a gerente do laboratório de DNA, mulheres vítimas de estupro, se procuram o IML, passam pelo teste de triagem no qual os médicos buscam identificar células masculinas. Caso sejam encontradas, o material é enviado para o laboratório para que as informações sejam armazenadas. Quando aparece um suspeito, é feito o confronto.
No caso da adolescente Rebeca Cristina, estuprada e morta no ano de 2011, a perícia encontrou material genético masculino no ânus da vítima. A amostra passou pelo processo de tratamento e foi armazenada no banco de DNA, segundo explicou Carmem. A partir daí, o caso passou a ter o perfil do criminoso. Mais de 50 pessoas suspeitas de cometer o crime tiveram o material genético confrontado com o encontrado no corpo de Rebeca, mas nenhum foi compatível. O caso, quatro anos depois, continua sem solução.
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