CULTURA
Além do clichê de western
Publicado em 04/03/2012 às 17:58
Gêmeos, assim como o bom humor dos Carusos, Paulo e Chico, ou o sucesso tipo exportação de Fábio Moon e Gabriel Bá, podem dividir seus talentos em uma equipe criativa.
É assim com Magno e Marcelo Costa: o primeiro cuida do roteiro e storyboards, o outro fica com a arte e a colorização, e ambos dividem as letras e diagramação da aventura com tom realista de Oeste Vermelho.
Com um bom domínio da narrativa, eles transformam uma história de vingança, tão ‘obrigatória’ e mascada como tabaco nos enredos sobre o tema, em uma trama cheia de tensão e dinamismo.
O maior trunfo de redenção acima dos clichês do Velho Oeste norte-americano vem no diálogo final do embate entre antagonistas não tão contrários assim. “A vida nos molda conforme a situação”, sentencia o gato. “Então você não é tão mau como pensei. Só está perdido”, retruca o rato. Os maniqueísmos são guardados nos coldres.
A arte de Marcelo Costa é belíssima e charmosa, lembrando a premiada série Os Pequenos Guardiões (lançadas por aqui pela Editora Conrad), roedores medievais criados pelo estadunidense David Petersen.
Não destoando das páginas principais, o álbum apresenta um bônus: ‘Réquiem para uma vingança’, uma breve história no traço mais underground de Magno Costa, complementando e finalizando a saga do protagonista.
A edição da Devir junto com a Quanta Academia de Artes é bem cuidada, com papel couchê de boa gramatura e impressão, capa cartonada de laminação fosca, reserva de verniz e orelhas.
O álbum ainda conta com uma galeria de ilustrações assinada por desenhistas convidados.
Oeste Vermelho é uma grande surpresa – rápida no gatilho – em um mercado cada vez mais em expansão. Um excelente portfólio para os gêmeos, que têm promissora estrada para se equiparar aos outros irmãos de HQs.
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