CULTURA
"Quero contar histórias extraordinárias de pessoas comuns", diz Silvestre na PB
Jornalista encerrou evento sobre Folkcomunicação em Campina Grande falando sobre a série 'Brasileiros', onde ele mostra exemplos de pessoas que mudaram os rumos de comunidades.
Publicado em 10/06/2011 às 21:40
Karoline Zilah
O jornalista Edney Silvestre esteve em Campina Grande nesta sexta-feira (10) encerrando a programação do seminário sobre Folkcomunicação, promovido pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). O encontro aconteceu no Teatro Rosil Cavalcanti, situado no complexo do Parque do Povo, em paralelo às festividades do Maior São João do Mundo. A apresentação e a mediação foi feita por Jô Mazzarolo, diretora de jornalismo da Globo Nordeste.
Edney preferiu definir a ocasião como uma 'reunião' com estudantes e profissionais da Comunicação Social. Atuando como repórter da TV Globo e apresentador do programa 'Espaço Aberto Literatura', da Globo News, ele aproveitou o espaço para falar de suas experiências no jornalismo voltado para assuntos regionais, especialmente enquanto idealizador do programa 'Brasileiros'.
Um olhar positivo do Brasil
Viajando o país com os repórteres Marcelo Canellas e Neide Duarte, Edney Silvestre apostou em mostrar como pequenas comunidades tiveram suas vidas mudadas para melhor e se desenvolveram a partir de iniciativas de pessoas humildes. Ele revelou que a série de reportagens chegou a ser criticada por outros jornalistas que apostam somente em notícias negativas. “Cheguei a ouvir deboches do tipo: 'lá vem ele com essas matérias construtivas'”, comentou o repórter.
Segundo ele, a inspiração para a série veio num tempo em que apenas notícias ruins sobre o Brasil ganhavam espaço nas manchetes de jornais impressos e na televisão, como o escândalo político do 'mensalão'. Sua proposta foi mostrar que existe solução para o país e que a maior parte dos brasileiros vive para fazer o bem por meio de seus trabalhos e ideais.
“Com 'Brasileiros' quisemos viajar pelos estados, passando por cidades pequenas e até desconhecidas, mostrando que as pessoas estão construindo uma nova realidade independente do poder público, de governos estaduais ou municipais. Contamos histórias extraordinárias de pessoas comuns”, explicou Edney Silvestre.
O repórter falou sobre seu histórico pessoal, dividindo com o público que muitos de seus parentes são pessoas humildes que não tiveram acesso à educação formal, mas ainda assim vivem com dignidade e criam oportunidades.
“Uma parte da minha família é analfabeta. Vivemos em um país onde 14% da população, cerca de 40 milhões de pessoas, são incapazes de compreender o que leem. Mesmo assim nosso país existe e cresce por causa dessas pessoas. Foram elas que construíram essa potência como somos hoje”, defendeu.
O escritor
Seu trabalho como escritor também foi abordado no evento em Campina Grande. Na conversa com o público, ele disse que começou a carreira no jornalismo impresso e nunca se imaginou trabalhando na TV. “Hoje não consigo ver separação entre categorias: jornalismo televisivo, impresso, de revista ou meus trabalhos enquanto escritor. Sou jornalista 24 horas”, afirmou.
O reconhecimento enquanto escritor de romance chegou como uma surpresa, segundo Edney. Seu livro de estreia, “Se eu fechar os olhos agora”, recebeu duas premiações importantes no ano passado: o Prêmio São Paulo de Literatura na categoria autor estreante e o Prêmio Jabuti de melhor romance.
Ele comentou o processo criativo da obra, que tem como pano de fundo a Ditadura Militar, e adiantou uma novidade sobre seu próximo livro: a história será ambientada na época do governo do presidente Fernando Collor de Mello, durante a crise financeira vivida pelo Brasil.
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