VIDA URBANA
Violência em estação prejudica trens de JP
Brigas de gangues estão impedindo que os trens urbanos façam cruzamento na estação ferroviária de Mandacaru e atrasando as viagens.
Publicado em 15/03/2013 às 6:00
O cruzamento entre os dois trens urbanos que circulam entre Santa Rita e Cabedelo, na Região Metropolitana de João Pessoa, é realizado na estação ferroviária de Mandacaru, na capital, mas devido às constantes brigas entre duas gangues rivais na área, o procedimento está sendo realizado desde ontem, em João Pessoa. A medida tem acumulado atraso nas viagens ao longo do dia, pois a estação ferroviária de João Pessoa não tem infraestrutura adequada para o cruzamento, segundo a assessoria de comunicação da CBTU.
Ainda de acordo com assessoria, o trem que vem de Santa Rita, com destino a Cabedelo, para cerca de 7 minutos na capital aguardando a chegada do trem que vem no sentido oposto. Para que os trens possam seguir viagem, é preciso realizar um procedimento de recuo de um deles para liberar a linha férrea para o outro, o que leva em média 12 min, que somados ao tempo de parada totalizam 19 min de atraso em cada viagem, provocando o descumprimento do horário.
Os funcionários relatam que as constantes brigas entre gangues na estação ferroviária em Mandacaru têm resultado em ameaças, pois os integrantes das facções criminosas monitoram todos os movimentos dos funcionários, como mesmo atender ou realizar uma ligação no celular, que para eles, os empregados estão repassando informações à polícia. “Eu mesmo pedi transferência para Recife porque não aguentava mais trabalhar nessas condições. Até meu filho já presenciou cenas de arrastão dentro do trem e determinei que ele saísse imediatamente para não ser uma vítima dessa disputa entre as gangues”, relatou um dos seguranças do quadro efetivo da CBTU.
Em virtude disso, os funcionários da CBTU da Região Metropolitana de João Pessoa, distribuídos em 12 estações, param as atividades das 8h às 13h de hoje.
O drama vivido por funcionários também afeta os passageiros que fazem o translado de João Pessoa a Cabedelo, como a dona de casa Adriana Dantas, 33 anos. “Semana passada vi vários rapazes com grandes pedaços de madeira na mão. Não tem como se sentir segura”, declarou.
PROVIDÊNCIAS
Conforme o superintendente da CBTU da Paraíba, Lucélio Cartaxo, desde janeiro deste ano, os funcionários relatam a insegurança e desde então, algumas providências já foram tomadas. “De imediato enviamos um ofício para o secretário de Segurança e outro para o Comando Geral da Polícia Militar, mas a situação não foi resolvida. Foi feita uma reunião com a delegada geral da Polícia Civil e o coronel Jeferson Pereira, comandante da Região Metropolitana de João Pessoa, além de representantes do sindicato dos trabalhadores, em busca de providências que minimizassem a situação”, afirmou.
Cartaxo disse que a situação foi repassada pessoalmente para o presidente da CBTU, no Rio de Janeiro, que sinalizou o remanejamento de seguranças do quadro efetivo para as 12 estações. Embora a solicitação tenha sido de 50 agentes de segurança, apenas dez já confirmaram a disponibilidade de transferência para João Pessoa. “Após isso, outro ofício já foi enviado às autoridades competentes. Mas como medida de prevenção, já compramos 12 unidades de câmeras de segurança que serão instaladas dentro de 30 dias, em locais estratégicos para contribuir com o trabalho da polícia, já que acreditamos que o papel da PM seja realizado, tanto para os funcionários trabalharem em segurança”, ressaltou.
SINDICATO
De acordo com o diretor do Conselho Fiscal do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias no Estado da Paraíba (Sintefep-PB), Severino Urbano, na última quarta-feira houve duas assembleias com a categoria, sendo uma em João Pessoa e outra em Cabedelo, que definiu o horário de 8h às 13h de hoje para parar as atividades.
Segundo ele, a paralisação objetiva alertar as autoridades de segurança pública sobre a situação de perigo à qual os funcionários estão expostos na estação de Mandacaru.
“Após essa paralisação, daremos alguns dias para que as providências sejam tomadas. Queremos um efetivo de segurança na estação de Mandacaru, bem como nas demais, para proteger os funcionários”, afirmou.
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