VIDA URBANA
Detran descobre fraude na vistoria
Esquema liberava veículos irregulares mediante pagamento de propina; seis funcionários e quatro proprietários foram detidos.
Publicado em 04/10/2012 às 6:00
A corregedoria do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) realizou uma ação na manhã de ontem para desarticular um esquema que estaria funcionando na sede de Campina Grande há décadas. O pagamento de propinas para liberação de veículos nas vistorias estaria funcionando há mais de 20 anos no órgão.
Seis funcionários e quatro proprietários foram detidos, além de três veículos sem nenhuma condição de circulação e dez laudos técnicos supostamente fraudulentos foram apreendidos.
Cerca de 200 veículos irregulares estariam sendo liberados por mês no esquema, conforme o Detran. De acordo com o delegado e corregedor Wallber Virgolino, a operação 'Pit Stop' identificou pelo menos dez pessoas que estariam participando de uma organização criminosa que permitia a regularização de automóveis e motocicletas que estavam em total desacordo ao Código de Trânsito Brasileiro. O grupo foi levado para a Central de Polícia, onde prestou depoimento e quatro dos acusados foram liberados. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados.
De acordo com a investigação, placas ilegíveis, faróis queimados e carros quase completamente danificados por colisões estavam sendo 'aprovados' constantemente. Em apenas 30 minutos de duração, a operação apreendeu uma caminhonete F350 prata, de placas MNR-5148, um Gol vermelho de placas KLY-4869, e um Escort cinza, de placas MNO-3137. Todos estavam avariados e com irregularidades na identificação e em itens básicos de segurança.
Segundo o diretor da 1ª Companhia Regional de Trânsito (Ciretran) de Campina Grande, todos os servidores detidos na operação são funcionários do órgão há bastante tempo e trabalham no setor de vistoria. As prisões em flagrante ocorreram por volta das 10h de ontem. Os detidos podem responder por adulteração de veículo automotor, inserção de dados falsos em sistema de informações e falsificação de documento público, podendo ser punidos com até 12 anos de reclusão. A corregedoria acredita que há envolvidos.
O montante desviado ainda está sendo apurado. As investigações foram iniciadas há quase um ano. “Ainda não sabemos quanto eles puderam aferir com este esquema ou quanto era cobrado por cada vistoria falsa. Os depoimentos serão colhidos e teremos mais informações para embasar as prisões. Este esquema funciona em Campina Grande há décadas e eles não se intimidaram em interromper suas atividades ilícitas nem mesmo durante nossas investigações”, afirmou o delegado Wallber Virgolino.
Advogado de um dos acusados, Wagner Gomes foi o único a prestar esclarecimentos à imprensa. Ele afirmou que seu cliente era motorista do órgão e havia sido transferido para o setor de vistorias. “Ele não tinha qualificação para o cargo que exercia, a responsabilidade é do órgão que o colocou onde ele não sabia operar. A questão de uma irregularidade ser identificável, legível ou não, é bastante relativa”, afirmou o advogado.
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