COTIDIANO
Morte de empresário completa sete meses sem identificação de autoria
Suênio Melo foi baleado quando saía de um shopping. Polícia Civil e promotoria creem que disparo não foi feito por assaltante. Shopping contratou legista para rebater laudos.
Publicado em 07/05/2011 às 16:35 | Atualizado em 26/08/2021 às 23:30
Karoline Zilah
Neste mês de maio, a morte do empresário campinense Suênio Rocha Melo, que tinha 30 de idade, completa sete meses. Apesar dos laudos emitidos, o caso não foi solucionado por completo e o inquérito continua transitando entre a Polícia Civil, o Ministério Público Estadual e o Tribunal de Justiça.
O grande motivo do impasse é a identificação do autor do disparo de arma de fogo que atingiu Suênio na cabeça, quando ele saía de um shopping da Capital após assistir a um show. De acordo com o delegado de Homicídios Isaías Gualberto, responsável por conduzir as investigações, ele espera pelo retorno do inquérito, que está em poder da Central de Acompanhamento de Inquéritos Policiais (Caimp), do Ministério Público.
Quando o pedido por novas diligências e interrogatórios for autorizado, os vigias do Manaíra Shopping serão intimados para prestar depoimento sobre o que viram na madrugada do dia 10 de outubro. As informações serão confrontadas com vídeos e com a relação de armas usadas naquele plantão. O documento detalha o modelo das armas, suas numerações e suas autorizações de porte.
“Os dias vão passando, a saudade vai aumentando e eu gente vai vivendo sem saber sequer quem matou meu filho”, comentou em lágrimas Dona Nita, mãe de Suênio, em Campina Grande.
Paralelo à ação que tramita no Tribunal de Justiça, a família entrou com um processo na 8ª Vara Cível de Campina Grande pedindo uma indenização e uma pensão mensal do shopping, sob a justificativa de que o empresário era o provedor das despesas de casa. Apesar do valor da ação ser milionário, a mãe afirma que a indenização seria integralmente doada a instituições de caridade.
Versões para o caso
Com base nas perícias, o delegado de Homicídios Isaías Gualberto e o promotor Manoel Serejo defendem que o tiro teria sido disparado de longe, e de cima para baixo. A hipótese é de que ele tenha partido de alguém posicionado no alto do prédio-garagem do shopping, na tentativa de despistar assaltantes que abordavam o público na saída do show.
“Já existem provas técnicas de que o tiro não partiu dos assaltantes que estavam ao lado do carro da vítima. O laudo cadavérico, por exemplo, deixa claro que a bala foi deflagrada de longe. Os próprios acusados já detidos confessaram que praticavam roubos no local, mas não os tiros. As imagens das câmeras não deixam dúvidas de que não foram eles que atiraram”, comentou o delegado.
O advogado da família, Thélio Farias, diz acreditar que o shopping não entregou todas as imagens das quais dispõe. Ele declara que tem fotografias comprovando que existem câmeras no local. “O shopping encaminhou todas as imagens das câmeras, menos a do edifício-garagem que daria para identificar de onde partiu o tiro”, disse.
Já a defesa do Manaíra Shopping descarta a possibilidade de um de seus seguranças ter envolvimento no homicídio. “Nós estamos colaborando com tudo o que foi solicitado. Entregamos todas as imagens de câmeras de segurança daquela noite disponíveis em nosso sistema e o relatório das armas usadas pelos vigilantes. Nós temos interesse em esclarecer a situação e resolver o fato”, declarou o advogado Pedro Pires.
Fontes ligadas ao Paraíba1 revelaram que, para rebater as acusações, a empresa contratou os peritos criminais Ricardo Molina, de São Paulo, e Genival Veloso, da Paraíba. O resultado dos laudos não é comentado pela defesa do Manaíra Shopping, mas o advogado Pedro Pires declarou que “as provas técnicas serão discutidas ao longo do processo”.
Os dois peritos atuaram no caso da morte do político PC Farias, sendo responsáveis por uma mudança no rumo das investigações. Molina também trabalhou numa perícia paralela sobre a morte da menina Isabella Nardoni. Neste último, ele foi contratado pela defesa casal Alexandre e Anna Carolina Jatobá.
Inquérito tem falhas, diz promotor
As investigações ainda não foram concluídas devido à incógnita que persiste sobre quem disparou o tiro que atingiu Suênio. Por falta de provas consistentes para apontar um autor, a Delegacia de Homicídios já solicitou por diversas vezes a extensão de prazo para realizar mais diligências.
O promotor Manoel Serejo afirmou que o inquérito ainda tem falhas, e que essas carências ainda precisam ser supridas, a exemplo das supostas imagens da garagem. Ele diz estar convencido de que o disparo foi feito no quarto andar do prédio. “Isso é indiscutível, mas, para que o Ministério Público ofereça denúncia, é preciso identificar quem fez isso, por isso a demora no desfecho do caso. Não vimos ainda as imagens deste ângulo suspeito”, comentou.
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