Seleção da PF exige dedicação

Aos 23 anos, Fabiano Emídio nem tinha concluído o curso de Direito, quando alcançou seu grande objetivo de vida: ser aprovado no concurso público da Polícia Federal para o cargo de delegado. Ele conta que a sensação de ver o nome na lista de aprovados é indescritível. “Todo o esforço valeu a pena. O sabor da vitória é gratificante”, afirma o delegado, hoje lotado na sede da Polícia Federal em Cabedelo.

Emídio diz que desde adolescente sonhava em ser delegado da PF. “Entrei no curso de direito pensando justamente nisso”, revela. A preparação dele era rígida. Além das aulas da faculdade, Emídio estudava outras cinco ou seis horas em casa.

“É um concurso muito rigoroso, que exige muito foco e determinação do candidato”, afirma. Segundo ele, além da preparação intelectual, também é preciso suar a camisa na preparação física. “É preciso conjugar as duas coisas”, comenta.

Ele foi aprovado no concurso realizado em 2004 e chamado 3 anos depois. Primeiro foi para o Acre, onde passou um ano. Em seguida, foi transferido para Brasília, onde ficou por mais três anos. Longe de casa e da família, Emídio presenciou a desistência de muitos colegas, mas nada o desanimou, afinal, o grande sonho dele havia se concretizado. “É impactante ir para longe de casa, mas faz parte do processo”, declara.

As dicas do delegado para quem vai fazer o concurso incluem preparação a longo prazo e foco. “É preciso ter dedicação total e reservar um horário para manter o condicionamento físico. A sensação de ser aprovado é gratificante”, afirma Emídio. Para quem vai começar os estudos agora, ele diz que talvez seja tarde, tendo em vista o nível do concurso e a concorrência.

Quem também conhece o gosto de ser aprovado em uma seleção tão cobiçada é Sidney de Oliveira Barbosa, perito. Ele fez o concurso no ano de 2002, para perito na área de Engenharia Civil. Antes disso, Barbosa havia sido aprovado nos concursos da Sudene e no Ministério Público de Pernambuco.

Quando passou para perito, Barbosa deixou Recife, onde morava com a família, com destino a Belém do Pará, onde trabalhou por três anos.

Depois conseguiu remoção para João Pessoa, onde está há 6,5 anos. Segundo ele, a maior dificuldade do concurso da PF é a parte específica. Ao todo foram seis meses de preparação. O tempo que estudou para os outros concursos ajudou no bom desempenho na prova. “Passava o dia trabalhando no MP e quando chegava em casa estudava por quatro horas. Aos sábados eram seis horas de dedicação aos livros”, declara o perito.

Na avaliação de Barbosa, é importante reservar um tempo para o lazer com a família ou amigos. “Acho que não é positivo o candidato ficar sobrecarregado, é preciso saber dividir bem o tempo de estudo e de lazer, o aproveitamento é melhor”, destaca. Outra dica do perito para os candidatos é estudar Língua Portuguesa e Redação. “Faz toda a diferença”, comenta Barbosa, por experiência.

SALÁRIOS VARIAM ENTRE R$ 7,8 e R$ 14,4 MIL

Com salários que vão de R$7.887,33 a R$14.410,11, o concurso público da Polícia Federal é um dos mais cobiçados do país. Para quem almeja seguir essa carreira, está aberta mais uma oportunidade. As inscrições para as 600 vagas da PF – sendo 350 para escrivão, 150 para delegado e 100 para perito – podem ser feitas até 3 de junho, pelo site do Cespe/UnB (organizador). Os editais de correção foram republicados na semana passada.

A seleção da PF tinha sido suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em julho do ano passado, porque não oferecia reservas de vagas para pessoas com deficiência. Agora, com a republicação, a seleção foi retomada. Os candidatos aprovados serão admitidos ao longo da validade do concurso, pelo regime estatutário. Eles podem ser lotados preferencialmente nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia e Roraima.

Unidades de fronteira também receberão os aprovados, os quais podem ser lotados no Paraná, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. A carga de trabalho é de 40 horas semanais.

Quem já participou de alguma seleção da Polícia Federal sabe que o nível das provas é alto. Por isso, a preparação deve estar à altura do que pede o concurso. Os candidatos que se inscreverem no concurso vão fazer provas objetivas e discursivas. Os inscritos para o cargo de delegado farão também exame oral. As provas serão aplicadas em todas as capitais do país, com exceção do curso de formação, que acontece em Brasília.

A prova objetiva terá 120 itens, valendo um ponto cada. Os candidatos terão que responder 'certo' ou 'errado'. De acordo com o edital, cada resposta certa valerá um ponto positivo; resposta incorreta corresponderá a um ponto negativo. Apenas candidatos que atingirem o mínimo de 36 pontos, e mínimos de: 10 pontos em conhecimentos básicos e 21 em conhecimentos específicos, no caso de perito.

Só terá as provas discursivas corrigidas o candidato que se classificar em até três vezes o número de vagas para escrivão e delegado e a quatro vezes a quantidade de vagas para perito. A prova discursiva vale 20 pontos.

PREPARAÇÃO FÍSICA TAMBÉM É ESSENCIAL

O concurso da Polícia Federal exige uma boa preparação física. Acredite, você pode até fechar as questões da prova teórica, mas se não conseguir bom desempenho no exame de aptidão física, estará fora da disputa. Muitos candidatos iniciam essa preparação meses antes. Vale correr na praia, na praça perto de casa, enfim, o que não pode é achar que a prova física é um mero detalhe. Não é. É etapa eliminatória do concurso público.

Os candidatos terão que fazer testes de teste em barra fixa, teste de impulsão horizontal, teste de corrida de 12 minutos e teste de natação (50 metros). Quem não obtiver pontuação mínima em qualquer um dos testes de aptidão física não poderá prosseguir na realização dos demais testes, estando eliminado no local do exame. Para ser aprovado é preciso obter o desempenho mínimo de dois pontos em cada teste e o somatório de 12 pontos no conjunto.

Há oito meses, Arlindo Hermes Souza, bacharel em Direito, treina todas as manhãs. Ele vai concorrer ao cargo de escrivão da PF. “É preciso treinar diariamente, a concorrência da PF é muito alta”, declara. O candidato diz que o condicionamento físico depende muito do esforço e determinação que cada um tem. “Não é fácil dividir o tempo entre o trabalho, o estudo para a prova teórica e o treino, mas quem quer ser aprovado tem que driblar as dificuldades”, afirma.