VIDA URBANA
Políticas públicas voltadas para flanelinhas
Levantamento da Secretaria de Desenvolvimento Humano mostra que 80% dos flanelinhas são analfabetos.
Publicado em 24/01/2012 às 6:30
Cerca de 80% dos flanelinhas que atuam na orla das praias de Cabo Branco, Tambaú e Manaíra, em João Pessoa, não sabem sequer assinar o nome. O mesmo percentual, dentro de um universo de 80 lavadores de carro que foram cadastrados, não possui residência fixa e/ou documento de identificação.
Dentro dessa estatística, o flanelinha Gentil Assis Barbosa, 32 anos, que pela manhã guarda e lava carros em frente ao Mercado de Artesanato, no bairro de Tambaú, disse se envergonhar de sua realidade. Sem estudo, nem perspectiva de futuro, trabalhar nas ruas é sua única opção.
“Não sei para que deve servir essa pesquisa, mas se for para ajudar a gente que vive nas ruas tentando juntar um trocado vai ser bem-vinda. Não sei ler, nem tenho estudo, esse é o único jeito que achei para ganhar a vida. Se me tiraram isso não sei como vai ser.
Mesmo sendo pouco é melhor do que nada”, comenta o flanelinha.
Apesar do receio, o levantamento faz parte do projeto Flanetur (Flanelinhas no Turismo), realizado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Humano (SEDH) e Empresa Paraibana de Turismo (PBTur), em parceria com a Polícia Militar (PM) e a Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP).
O intuito do Flanetur, conforme explica a secretária de Estado do Desenvolvimento Humano, Aparecida Ramos, é traçar um perfil dos lavadores de carro a fim de implementar políticas públicas eficientes e que tragam benefício à sociedade. “Essa é uma profissão regulamentada por lei. Queremos qualificar o flanelinha e oferecer ao usuário um serviço de qualidade e seguro”, afirmou.
Durante os dias 7 e 12 de janeiro, os flanelinhas foram abordados por técnicos da SEDH e responderam um questionário com 14 perguntas, como nome, endereço, escolaridade, experiência trabalhista, renda, bem como se tem acesso às políticas públicas do governo federal, como o Bolsa Família. A próxima etapa é ouvir os flanelinhas da orla do Bessa e do Centro Histórico da capital.
Segundo Aparecida Ramos, o que mais causou apreensão na primeira etapa do projeto foi a quantidade de pessoas sem qualquer tipo de documento comprobatório de sua identidade. “Muitos não têm sequer registro de nascimento, o que se justifica pela situação de rua em que a grande maioria vive”, comenta.
A Secretaria já deu entrada ao processo para tirar a segunda via dos documentos dos que já foram cadastrados. “Também estamos estudando a possibilidade de criar um projeto de educação para que eles deixem o analfabetismo”, disse.
Comentários