SAÚDE
Menopausa: principais sintomas e como tratar
A menopausa é um momento importante na vida de todas as mulheres, marcado pelo fim do período fértil e pela diminuição da produção hormonal pelos ovários.
Publicado em 28/07/2013 às 10:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 15:08
Tão comum como a chegada do ciclo menstrual, que costuma acontecer no início da adolescência, é a interrupção dele quando se aproxima a meia-idade. Nesta fase chamada de menopausa, várias mudanças passam a fazer parte do dia a dia da mulher, e entender melhor este período é essencial para ter um convívio saudável com o próprio corpo.
A menopausa é um momento importante na vida de todas as mulheres, marcado pelo fim do período fértil e pela diminuição da produção hormonal pelos ovários. Com ela, podem surgir uma série de sintomas físicos e emocionais, que nem sempre são fáceis de lidar.
Quais os sintomas da menopausa?
O presidente da Sociedade Paraibana de Ginecologia, o médico Roberto Magliano, explicou como esse período tem início.
“A menopausa é um marco, a última menstruação da mulher, e corresponde à transição entre a fase reprodutiva (menacme) e não reprodutiva (senectude). Esse período de transição é denominado climatério. Significa que a mulher não pode mais engravidar, que não produz mais hormônios femininos, visto que seus ovários 'gastaram', ao longo do menacme, todos os óvulos”.
De acordo com o ginecologista, quando se inicia a menarca, por volta dos 13 anos, os ovários contêm cerca de 400 mil óvulos e, a cada ciclo menstrual, cerca de 1.000 deles são recrutados para que apenas um seja selecionado e possa ser fecundado. Esses 400 mil óvulos vão mensalmente sendo liberados dos ovários, até que, mais ou menos aos 49 anos da mulher, eles não mais existam, ocorrendo então, a menopausa.
As mudanças passam a alterar o funcionamento normal do corpo feminino, por isso é comum as mulheres sentirem diversos sintomas durante o período da menopausa. Quando os ovários param de ovular, também param de produzir estrogênio e progesterona, com isso acontecem as mudanças.
“Com a falta desses hormônios, os órgãos genitais começam a sofrer alterações. Útero e ovários sofrem atrofia, a vagina fica ressecada, o que gera desconforto no ato sexual, a bexiga também atrofia, o que predispõe a cistite (infecção urinária) e incontinência urinária. A velocidade de perda de massa óssea é maior e, a longo prazo, a mulher fica mais predisposta a fraturas”, disse Roberto Magliano.
Outro sintoma comum é a queixa de ondas de calor, que, segundo o médico, ocorre porque o hipotálamo cerebral percebe uma queda abrupta nos níveis sanguíneos de hormônio feminino e "reclama" com ondas de calor, que se manifestam por cerca de cinco a dez anos, até que o cérebro se acostume com a falta dos hormônios.
“A maioria das mulheres reclama dos transtornos climatéricos, que podem manifestar-se em graus variáveis, dependendo de cada mulher. Algumas delas conseguem atravessar essa fase sem queixas, mas a grande maioria reclama, principalmente, das ondas de calor, insônia, irritação e secura vaginal”, disse o ginecologista.
O que a menopausa causa no corpo?
A menopausa é um processo natural do corpo feminino, que ocorre geralmente entre os 45 e 55 anos de idade. Com a diminuição da produção hormonal, é comum que as mulheres apresentem sintomas como ondas de calor, suores noturnos, ressecamento vaginal, mudanças de humor, insônia, entre outros.
Além disso, a menopausa também pode aumentar o risco de doenças como osteoporose e doenças cardiovasculares, devido à diminuição do estrogênio, hormônio que protege o organismo de diversas formas.
Quanto tempo dura a menopausa?
A duração da menopausa pode variar de mulher para mulher, mas em média, ela dura cerca de 4 a 5 anos. Esse período é marcado pela irregularidade menstrual, até que a menstruação cesse por completo. Após 12 meses sem menstruar, considera-se que a mulher entrou na menopausa.
Remédio para menopausa
Existem diversas formas de tratar os sintomas da menopausa, desde mudanças no estilo de vida até o uso de medicamentos específicos.
Em qualquer caso, é importante consultar um médico para avaliar o melhor tratamento para cada caso, levando em consideração as características individuais e os riscos e benefícios de cada opção. Com cuidado e atenção, é possível atravessar a menopausa com saúde e bem-estar.
- Reposição hormonal: feita com estrogênio e, em alguns casos, progesterona, a reposição hormonal pode ajudar a aliviar os sintomas da menopausa. No entanto, é importante lembrar que ela pode aumentar o risco de câncer de mama e outros problemas de saúde, devendo ser prescrita e acompanhada pelo médico.
- Medicamentos não hormonais: antidepressivos, ansiolíticos e outras medicações podem ser prescritos para aliviar os sintomas da menopausa, especialmente os emocionais.
- Mudanças no estilo de vida: alimentação equilibrada, atividade física regular, técnicas de relaxamento e outras medidas podem ajudar a reduzir os sintomas da menopausa e melhorar a qualidade de vida.
Menopausa e desejo sexual
Muita gente associa, de forma errônea, a menopausa ao fim da vida sexual, como se, com a chegada deste período, a mulher perdesse seu “apetite” sexual. O especialista Roberto Magliano disse que “na menopausa ocorre uma alteração na libido, mas ela não desaparece. É preciso que se entenda que naturalmente, com a idade, a frequência sexual diminui, mas também é verdade que a qualidade do ato sexual, tanto masculino quanto feminino, melhora”.
Isso porque, de acordo com o especialista, nesta fase a mulher está mais segura sexualmente e certas inibições e dificuldades da juventude já foram superadas, o que contribui para um desempenho sexual melhor, conforme apontou o médico.
“Conhecendo o seu corpo, ela já sabe como alcançar o orgasmo. A excitação da mulher continua normal, mas o tempo para atingir o orgasmo é mais demorado, o que para muitas é visto como vantagem. É claro que a hipoestrogenemia (pouco estrogênio) provoca secura vaginal o que pode levar ao sexo doloroso mas, nas que atravessam o climatério mantendo regularmente relações sexuais, a lubrificação vaginal é preservada”, disse. Ainda é possível usar lubrificantes artificiais, facilmente encontrados em farmácias.
Reposição hormonal na menopausa
Os estrogênios e progesterona, principais hormônios que deixam de ser produzidos pelos ovários, podem ser oferecidos às mulheres na forma de comprimidos, adesivos, injeções e cremes. A reposição hormonal é muito útil pois interrompe os sintomas climatéricos, melhorando a qualidade de vida da mulher. Além disto, reduzem a velocidade de perda de massa óssea.
O ginecologista falou que, apesar dos benefícios do tratamento de reposição hormonal, ele precisa ser bem analisado antes de iniciado. “O principal hormônio a ser reposto é o estrogênio, mas, nas mulheres que têm útero, seu uso isolado e por longo prazo pode provocar câncer de endométrio e, por esse motivo, se usa progesterona, outro hormônio que neutraliza o efeito estimulante do estrogênio sobre o endométrio”.
Para as mulheres que têm histórico familiar de câncer de mama, a reposição hormonal é contraindicada, pois aumenta o risco da doença. Por isso, antes de usar reposição hormonal, toda mulher deve fazer mamografia, exame de rastreamento para o câncer de mama. Nas mulheres com risco de trombose e infarto do miocárdio (obesas, hipertensas, com colesterol e triglicerídeos elevados, tabagistas, diabéticas), o uso da terapia hormonal também é arriscado.
Vale lembrar que o acompanhamento ginecológico é essencial neste período da vida da mulher. “Na atualidade, a mulher vive quase metade da sua vida na pós-menopausa. É neste momento que já está amadurecida, com sua vida familiar e profissional consolidadas, sem maiores problemas econômicos. Neste momento, o médico pode ser útil, conversando, esclarecendo, orientando para exames preventivos, atividades físicas e, quando necessário, emprego de reposição hormonal, para lhe permitir viajar, sorrir, enfim, viver e desfrutar com qualidade esse momento especial da sua existência”, concluiu Roberto Magliano. (Especial para o JP)
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