VIDA URBANA
Cresce número de casos de calazar na capital e em CG
Em JP, alta foi de 80% e em Campina de 875% ou quase 10 vezes mais, segundo Secretarias de Saúde municipais.
Publicado em 24/01/2015 às 6:00 | Atualizado em 27/02/2024 às 18:16
A população deve ficar em alerta devido ao aumento de casos de leishmaniose ou calazar em cães. Somente em João Pessoa, houve um crescimento de 80% no número de animais diagnosticados com a doença, enquanto que em Campina Grande o aumento foi de 875%, ou seja, quase dez vezes mais. A informação é das gerências de Vigilância Ambiental em Saúde e Zoonose das Secretarias Municipais de Saúde dessas cidades. Segundo especialistas, os animais podem se tornar vetores da doença para o homem, por isso a necessidade do alerta.
De acordo com o gerente do Centro de Vigilância Ambiental e Zoonoses (Cvaz) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de João Pessoa, Milton Guedes, o número de casos subiu de 295, em 2013, para 531, no ano passado. Apesar disso, a quantidade de exames realizados foi menor em 2014, se forem levados em consideração os dois períodos analisados.
“Em 2013, realizamos 4.004 coletas de sangue canino e encontramos 7,36% de animais infectados. Já em 2014 fizemos 2.955 exames e encontramos 17,9%. A explicação para o aumento do diagnóstico é que a metodologia usada em 2013 foi a aplicação de uma pesquisa em que estratificamos os bairros por área para identificarmos os lugares com maior infestação e presença de cães soro reagentes”, comentou.
De acordo com ele, em compensação, em 2014 foram utilizados os resultados da pesquisa anterior e feitos direcionamentos para áreas que apresentaram maior reatividade. “No ano passado, fomos direto para os locais. Iniciamos as ações no Portal do Sol (no Altiplano Cabo Branco) e concluímos em Mussuré, ali no conjunto Cidade Verde, no Bairro das Indústrias”, citou. “Fizemos questão de trabalhar todo o cinturão verde no Litoral Sul do Estado, a parte mais rural de João Pessoa”, continuou, frisando que os trabalhos são divididos em busca ativa, aquela em que a equipe vai até as casas para coletar as amostras de sangue, e demanda espontânea, em que a pessoa traz o cão com suspeita da doença até o centro.
Conforme a veterinária Suely Ruth Silva, a leishmaniose é uma patologia provocada por um protozoário, que pode passar do animal para o homem de forma indireta. “Se o cão tiver doente e o homem tiver contato com ele, a doença não vai passar. É preciso haver um mosquito vetor para transmitir. Então nossa maior preocupação é porque o cão se torna um reservatório da doença e temos aproximadamente 70% dos cães assintomáticos, que não apresentam sintomas, mas que estão infectados”, afirmou.
Em relação ao tratamento para os cães contaminados, a especialista destaca que não existe medicação e que, por isso, eles devem ser sacrificados. “É uma recomendação do Ministério da Saúde. E o problema que temos aqui é que há bairros que estão crescendo agora e invadindo o habitat do mosquito (Flebótomo, conhecido também como mosquito palha, birigui ou tatuquiras)”, explicou.
“Diferentemente do Aedes aegypti (o vetor da dengue e da febre chikungunya), o Flebótomo é de área rural”, complementou, mencionando ainda os hábitos dos moradores destas localidades como agravantes para o aumento da doença.
“Muitas destas pessoas não criam o cão dentro de casa, colocam o animal para proteger a residência, do lado de fora. O horário em que o mosquito age é o horário crepuscular, no final da tarde, justamente quando o cão está fora. E é neste momento em que há a transmissão da doença pelo mosquito”, sublinhou.
CURSO CAPACITA AGENTES EM JP
O Centro de Vigilância Ambiental e Zoonoses (Cvaz) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de João Pessoa está realizando um curso para atualização sobre os cuidados e controle da leishmaniose e bons tratos com animais.
A ação é voltada aos Agentes de Vigilância Ambiental do município, já que eles lidam diretamente com a população. Na última quarta-feira aconteceu a primeira parte do curso, com palestras e uma mesa redonda para discutir o tema. A segunda parte consistirá na área prática, onde os agentes poderão conhecer a rotina e funcionamento do Cvaz antes de serem encaminhados ao contato com a população.(Colaborou Othacya Lopes)
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