CULTURA
Ovacionado em Cannes, filme 'Mia Madre' estreia nesta quinta em JP
Dirigido pelo italiano Nanni Moretti, filme tem toques autobiográficos. Produção perambula entre o drama e o cômico.
Publicado em 03/03/2016 às 9:00
Geralmente, os filmes do italiano Nanni Moretti são uma espécie de terapia. Quando estava filmando Habemus Papam (2011), o cineasta – que faz o papel de um psicanalista para tratar o novo papa em crise – estava lidando com uma doença fatal da sua mãe.
Colocando esse período no papel, terminou se materializando no roteiro do seu novo longa-metragem, Mia Madre (Itália, França, 2015), ovacionado no Festival de Cannes no ano passado e que estreia nesta quinta-feira no projeto Cinema de Arte do Cinépolis (Manaíra Shopping), em João Pessoa.
Assim como outras obras de Moretti, essa produção perambula entre o drama e o cômico. “Meus filmes sempre tiveram esses dois aspectos, com momentos de dor e outros divertidos, mas não se trata de uma estratégia, é uma maneira de contar a vida das pessoas”, declarou o diretor na época da exibição em Cannes, festival em que lhe rendeu a Palma de Ouro por O Quarto do Filho (2001).
“Mas enquanto O Quarto do Filho evocava um fantasma, o medo da perda de um filho, 'Mia Madre' fala de uma coisa vivida e que está mais na ordem natural das coisas”.
Mia Madre acompanha uma cineasta (Margherita Buy, que já trabalhou com o cineasta em Habemus Papam e O Crocodilo) que está prestes a iniciar as filmagens de um longa protagonizado por um astro internacional (o norte-americano de origem italiana John Turturro, de Barton Fink). Paralelamente com os habituais problemas de set como controlar o ego inflado do ator principal, ela precisa lidar com vários problemas da sua vida pessoal, como o fim de um relacionamento e a doença da mãe, que está internada no hospital. Como de praxe nos seus filmes, Nanni Moretti também participa atuando como o irmão da realizadora.
Moretti chegou a afirmar que muito da protagonista é autobiográfico, mas nem tudo. Já o personagem do irmão é uma pessoa que ele queria ser.
Sobre a terapia cinematográfica, “para diretores e atores, o cinema não tem papel terapêutico. Para alguns espectadores pode ser”, ironizou.
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