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VIDA URBANA

Cresce 62,5% índice de morte de mulheres vítimas de violência

Nos últimos dias foram registrados dois crimes brutais. Levantamento realizado pelo Centro da Mulher 8 de Março revela que no primeiro semestre deste ano foram registrados 26 homicídios.

Publicado em 12/07/2010 às 19:00

Natália Xavier

Expostas ao perigo dentro da própria casa, 26 mulheres foram assassinadas nos seis primeiros meses deste ano vítimas dos próprios companheiros, ex-companheiros ou familiares. Os dados são do Centro da Mulher 8 de Março e revelam que houve um crescimento 62,5%, com relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 16 casos.

Para a coordenadora do banco de dados da entidade feminista, Joyce Borges, a realidade pode ser ainda pior. “Nós contabilizamos apenas os casos divulgados pela imprensa, mas sabemos que muita coisa acaba não sendo divulgada. Muitos casos não chegam ao conhecimento público. Nós sabemos que infelizmente a realidade é bem pior”, comentou.

Joyce destacou ainda que o crescimento no índice de homicídios pode estar atrelado à falta de políticas públicas para as mulheres. “Nós entendemos que estes números têm aumentado muito principalmente pela falta de infraestrutura na Paraíba quanto à Lei Maria da Penha. Um sério problema é que aqui nós não temos casa abrigo. Mesmo quando a mulher se sente encorajada à denunciar, ela não tem para onde ir até que o agressor seja preso. Muitas mulheres denunciam, mas sem ter para onde ir elas continuam em casa sendo agredidas e acabam morrendo”, ressaltou.

“Além disto, também deveria existir um Juizado Especial para crimes contra a mulher. Se houvesse um juizado os julgamentos dos agressores aconteceriam mais rápido”, completou.

Os dados do Centro da Mulher 8 de Março mostram também que, com relação ao índice mensal registrado no ano passado, houve um crescimento de 26,97% na quantidade de homicídios. Enquanto que em 2010 a média mensal é de 4,33 casos, em 2009 o índice foi de 3,4 crimes por mês, com um total de 41 casos registrados durante todo o ano.
O relatório da entidade feminista revela ainda crescimento na quantidade de estupros registrados: enquanto em todo o ano passado foram 52 casos, somente nos seis primeiros meses deste ano foram 62.

A secretária de Políticas Públicas para as Mulheres do Governo da Paraíba, Douraci Vieira, declarou que tem conhecimento das estatísticas e que o Estado faz o possível para dar garantias de segurança às mulheres. Ela ponderou, contudo, que este é um problema cultural difícil de resolver e que uma das soluções seria a abertura das delegacias especiais para as mulheres 24 horas por dia.

“Atualmente isto é impossível porque não temos delegados suficientes para atender todas os 223 municípios paraibanos. É uma conta difícil de fechar e que acaba prejudicando as delegacias especiais”, admitiu. Ela pondera, contudo, que a noite, quando as delegacias das mulheres estão fechadas, a estrutura da Secretaria de Segurança fica a serviço delas.

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Jornal da Paraíba

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