CULTURA
Pequenos grandes contos
O Baú do Anão, coletânea de contos de Ronaldo Monte, será lançado hoje, às 19h.
Publicado em 06/12/2012 às 8:00
Um depósito de pequenas grandes histórias: O Baú do Anão (Editora Universitária da UFPB, 166 páginas, R$ 30,00), coletânea de contos de Ronaldo Monte, será lançada hoje, às 19h, no Terraço Brasil, em João Pessoa.
A obra originou-se, segundo o autor, enquanto "soltava a mão" para a escrita de Memória de Fogo, romance publicado em 2007 pela Editora Objetiva.
"Eu tive que fazer uma verdadeira 'musculação' para o romance que eu queria escrever", afirma Ronaldo Monte, que embarcou na literatura pela canoa estreita do verso, com Pelo Canto dos Olhos (1983), e da crônica, com o sugestivo Memória Curta (1996).
Nos exercícios, Ronaldo afirma que teve uma ajuda do Clube do Conto, grupo no qual é um dos membros mais antigos: "A maior parte das narrativas menores foram escritas a partir das sessões semanais do Clube do Conto", diz. "A maioria passou pela mão de Barreto (o escritor Geraldo Maciel, morto em 2009). A gente vivia às turras, um lendo o conto do outro, o que sempre acabava em briga", ironiza.
A vivência do Clube do Conto também rendeu um dos segmentos mais divertidos do livro: 'André à sombra das moças', uma reunião de histórias que tem como protagonista o poeta André Ricardo Aguiar, outro integrante da turma.
"Isso é pura sacanagem minha", brinca Ronaldo, que passou a ficcionalizar as desventuras amorosas do amigo e, ao coligi-las em O Baú do Anão, pediu que o próprio personagem se defendesse e assinasse uma breve introdução inserida no volume: "Ele se saiu muito bem. Eu tomei tanto gosto por essa brincadeira que troquei o nome de alguns personagens meus, de contos que também tinham investidas que davam errado, pelo dele".
Apesar da conotação fantástica apontado por Rinaldo de Fernandes, em um ensaio ao final da obra, em textos como o que dá título ao livro, Ronaldo Monte escreve porque lhe "dá na veneta" escrever e não acha que se filia a uma matiz literária específica: "Não gostaria nunca de ser filiado a qualquer corrente.
Tenho um certo medo da literatura fantástica, que pode pegar você e botar em uma gaveta ou em um escaninho, onde eu não me sentiria muito confortável".
Segundo ele, a caracterização 'regionalista', aplicada a ele por leitores como o poeta Sérgio de Castro Pinto, também incomoda: "Não posso discordar de alguém como Sérgio de Castro Pinto, mas não sei me situar dentro destes parâmetros literários porque não escrevo com esta preocupação", ressalta.
"Não escrevo literatura para literatos. Hoje em dia a literatura virou uma coisa tão sagrada e tão acadêmica que você só é considerado escritor quando escreve para ser dissecado pelos seus pares ou pelas patotinhas dos cadernos literários".
Psicanalista e redator publicitário, Ronaldo Monte também evita reivindicar um estilo próprio: "Eu já tive que vender o meu texto e abdicar do meu próprio estilo no ofício da propaganda. Consigo fazer isso muito bem. Eu sou uma espécie de prostituta".
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