VIDA URBANA
Esquistossomose afeta pessoas em mais de 60 cidades
Na Paraíba, doença faz mais de 4,5 mil vítimas, principalmente em locais sem saneamento
Publicado em 27/06/2015 às 9:00 | Atualizado em 07/02/2024 às 15:13
A migração de populações do interior para as zonas urbanas, com moradias irregulares em áreas vulneráveis e condições precárias de saneamento são fatores que expõem as pessoas a diversos riscos, principalmente o de contrair doenças. Uma dessas enfermidades, a esquistossomose, conhecida como barriga d’água, é considerada endêmica em 67 cidades da Paraíba, conforme a Secretaria Estadual de Saúde (SES) e já afeta 4.591 paraibanos. Os números se referem à incidência da doença nos anos de 2013 e 2014. A SES ainda não possui dados de 2015.
Somente no ano passado, a gerência do Programa de Vigilância e Controle da Esquistossomose da SES registrou 2.407 casos da doença, nas cidades de Alhandra, Caaporã, Conde, João Pessoa, Lucena, Pitimbu, Rio Tinto, Santa Rita e Sapé, municípios localizados no Litoral e Zona da Mata do Estado, que são considerados os mais prevalentes para a ocorrência da doença. Os casos superam as estatísticas de 2013, quando 2.184 pessoas foram acometidas da enfermidade na Paraíba.
Nas cidades de Cruz do Espírito Santo e Mamanguape registrou-se apenas um caso respectivamente, no ano de 2013. Conforme a SES, apesar de já existir tratamento para a esquistossomose, ela ainda está presente na vida dos paraibanos e atinge principalmente as periferias das cidades, nas quais as moradias irregulares e a falta de saneamento favorecem o surgimento da doença. Esse é o caso da cidade do Conde, no Litoral Sul do Estado.
O município possui cerca de 100 pessoas contaminadas com a verminose e, apesar do trabalho de rotina desenvolvido pela vigilância ambiental da cidade em parceria com as secretarias de saúde estadual e municipal, ainda há dificuldade em eliminar a doença. “Trabalhamos em localidades com alta prevalência de contaminação, ano a ano. Fazemos campanhas, exames, busca ativa por contaminados, mas o maior problema é que muita gente possui a doença e não procura a unidade básica de saúde”, informou o coordenador de vigilância ambiental e sanitária local, Luís Carlos de Araújo.
Já em Campina Grande, o último caso de esquistossomose foi registrado em 2012. No entanto, com 16 áreas vulneráveis a alagamento, ainda há preocupação da Vigilância Ambiental com a verminose. No riacho das Piabas, localizado na Zona Norte da cidade, por exemplo, uma das áreas mapeadas pela Defesa Civil como de risco, a família de Sonale Silva vive na iminência de contrair não só a esquistossomose, mas várias outras enfermidades.
Com uma filha de seis anos, a dona de casa conta que o medo é maior quando chove, pois a água, contaminada com os esgotos dos moradores do entorno do riacho, chega a adentrar a residência. “Temos todo o cuidado do mundo com essa água, aqui tem muito rato, escorpião, todo o tipo de sujeira que se pode imaginar vem daí”, disse, apontando o córrego em meio à vegetação, por onde passam lixo e vários detritos.
Segundo a Vigilância Ambiental da Secretaria Estadual de Saúde, os locais onde as pessoas devem ter mais cuidado com a contaminação são as áreas onde existam lagos, córregos, açudes e riachos. Entretanto, os moradores de zonas nobres, nos quais o saneamento é melhor, também podem ser cometidos pela moléstia ao frequentar fazendas ou casas de praias e terem contato com água contaminada pelo parasita.
Comentários