VIDA URBANA
Qual a hora certa de ir ao ginecologista?
Ao entrar na fase da puberdade, é importante que as adolescentes passem a frequentar o consultório médico, evitando problemas
Publicado em 24/08/2014 às 8:00 | Atualizado em 11/03/2024 às 10:53
Marcela (nome fictício), 29 anos, começou a ter relações sexuais aos 17, mas só procurou um ginecologista no ano passado, quando descobriu, por meio de um teste de farmácia, que estava grávida da primeira filha. Agora ela diz que sente vergonha por ter passado tanto tempo sem cuidar da saúde, por isso não quis revelar a verdadeira identidade. Marcela conta que, apesar dos incentivos das amigas, não se sentia à vontade para ir ao ginecologista.
O uso do anticoncepcional também foi iniciado sem orientação médica pela jovem. Hoje, ela se arrepende de tudo que fez e as consultas ao ginecologista se tornaram frequentes: pelo menos a cada seis meses. A história de Marcela não deveria, mas é comum a muitas outras mulheres, que adiam a primeira ida ao consultório do ginecologista. “Hoje eu compreendo que estava errada, se eu pudesse voltar no tempo teria feito diferente. Às vezes a pessoa não vai por vergonha ou mesmo por preguiça, mas isso não é uma atitude inteligente, pois pode esconder problemas de saúde”, afirma. Ela revela que por três vezes trocou o anticoncepcional por apresentar reações adversas.
“Com minha filha farei diferente. Vou levá-la ao ginecologista cedo, para que a história não se repita”, declara.
Segundo a médica Giane Camilo Sarmento, não existe uma idade pré-determinada para a primeira consulta, mas ela deve acontecer quando surgirem os primeiros sinais da puberdade.
“Isso inclui o aparecimento de pelos e crescimento das mamas. Se a menina começar a se interessar por assuntos relacionados à sexualidade, a consulta também se torna válida”, afirma a ginecologista. Queixas específicas também podem antecipar a ida ao médico.
Outro motivo para não protelar a consulta é o estudo da Fundação Oswaldo Cruz, que aponta que uma a cada quatro jovens no início da atividade sexual se contaminou com o vírus HPV, que pode causar câncer de colo de útero. O mesmo estudo mostra que o índice é maior em adolescentes com cinco anos de vida sexual, chegando a 40% das infectadas. Os dados são da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Apesar da recomendação, a regra é o contrário: a maioria das mulheres só procura o médico especialista em ginecologia depois de iniciar a vida sexual.
“Quanto mais cedo a consulta acontecer, melhor. É importante porque vai acompanhar o desenvolvimento puberal e tratar possíveis anormalidades, além de observar a estatura e o crescimento ósseo. Também é importante porque a garota terá orientações acerca dos assuntos relacionados à sexualidade”, declara.
E as mães devem entrar na sala do ginecologista com as filhas ou esse momento deve ser apenas entre a paciente e o médico? Giane diz que isso vai depender do relacionamento entre mãe e filha. “Oriento que a primeira consulta seja acompanhada pela mãe e as próximas a adolescente entre sozinha, até para se sentir à vontade e tirar dúvidas. Mas isso vai depender da idade e do desejo da mesma”, explica.
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