Encontrar delegacia aberta nas cidades do interior é um desafio

Depois de roubado, a regra é registrar queixa na delegacia. Nos municípios do interior, o primeiro desafio é encontrar uma delegacia aberta. Em Juarez Távora, Agreste, onde só há dois policiais militares, a delegacia fica aberta ao público pelas manhãs, de segunda a sexta-feira, mas falta delegado. Um comissário da Polícia Civil fica responsável por atender às ocorrências da cidade. Há cinco anos, Antônio de Pádua Lima encara o desafio de trabalhar com uma estrutura precária, onde falta carro e o mínimo de conforto.

A delegacia de Juarez Távora funciona em uma casa alugada, sem nenhuma segurança. Na sala de espera, as poucas cadeiras foram doadas por uma associação do município. Os armários estão quebrados ou enferrujados. Não há viatura para cumprir as diligências. Pádua é o único servidor da Polícia Civil. Aliás, o único não. Tem também o delegado Eduardo Almeida Portela, que assumiu recentemente, e também responde pelo município de Alagoa Grande.

No dia que a reportagem esteve na cidade, a delegacia ainda estava aberta. Pádua organizava os inquéritos em uma das mesas e se mostrou surpreso, mas também feliz, pela chegada da equipe. “Que bom vocês terem vindo ver a situação que enfrentamos”, desabafou. O servidor disse que se sente um herói trabalhando em meio ao caos. Segundo ele, depois que a delegacia de Juarez Távora fecha, a população sabe que as ocorrências devem ser registradas em Alagoa Grande. Ou esperar pelo dia seguinte. Ou não esperar. Na maioria dos municípios do interior, as delegacias são fechadas durante o final de semana, quando funcionam apenas as localizadas em cidades polos. (Colaborou Artur Lira - Especial para o JP)