COTIDIANO
Medicação: pacientes em risco
Complicações decorrentes de medicamentos são mais comuns do que se pensa.
Publicado em 12/08/2012 às 8:00 | Atualizado em 26/08/2021 às 23:29
A funcionária pública Maria José (nome fictício) nunca teve medo de dentista, até o dia em que quase morreu no consultório, após receber uma medicação inadequada. Era para ser uma consulta simples, para um procedimento comum. Todavia, o dentista aplicou uma anestesia de citocaína, o que provocou inchaço na garganta (edema de glote) de Maria José. Quando percebeu que a paciente estava passando mal, interrompeu o procedimento e a mandou de volta para casa.
“Foi horrível. Eu só lembro que sentei na cadeira do dentista e em seguida ele aplicou a anestesia. Em segundos comecei sentir minha garganta fechando, sem conseguir falar, nem gritar”, conta a funcionária pública, que ainda voltou ao consultório outras duas vezes e teve o mesmo problema. Em nenhuma ocasião o dentista a socorreu, nem a orientou a fazer um teste alérgico de medicamentos. “Acabei fazendo por conta própria, foi quando descobri que tinha alergia à tal anestesia”, afirma.
Complicações decorrentes de medicamentos são mais comuns do que se pensa. Quando o remédio é trocado ou receitado a um paciente que tem alergia à determinada substância, as consequências podem ser fatais. Essa sucessão de erros pode acontecer na prescrição do medicamento, por falta de atenção dos pacientes, como também no balcão da farmácia, quando a letra do médico está ilegível.
No primeiro semestre deste ano, uma médica infectologista foi indiciada por homicídio com dolo eventual, em Campo Grande (no estado do Mato Grosso do Sul), após prescrever dipirona duas vezes a uma paciente de 19 anos, alérgica ao medicamento. A jovem morreu logo após receber a substância, em abril deste ano. Conforme a polícia, a paciente procurou o hospital reclamando de fortes dores abdominais. Na consulta, ela disse ao médico que tinha alergia ao remédio, informação que foi desprezada e causou sua morte. Um caso semelhante por pouco não foi registrado em um hospital particular de João Pessoa, em 2010. Com dores no abdômen, a contadora Ana (nome fictício) foi levada às pressas ao hospital. Após horas de espera, contou os sintomas ao médico, que logo receitou um medicamento do qual ela tinha alergia. “Minha sorte foi que eu sabia que não poderia tomar aquele remédio, pois em momento algum o médico procurou saber”, lembra.
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