CULTURA
Moreno é coisa boa
Em entrevista ao Jornal da Paraíba, Moreno Veloso fala sobre o seu novo trabalho, o disco 'Coisa Boa'.
Publicado em 04/06/2014 às 6:00 | Atualizado em 29/01/2024 às 16:20
Moreno Veloso, 41, se tornou um dos produtores mais requisitados de sua geração. Ao lado dos comparsas Kassin e Domenico Lancellotti, com quem embarcou no projeto +2, ele conseguiu moldar um som próprio que, com um pé no passado, desbrava o futuro alcançando brilho próprio, dispensando a credencial “filho de Caetano”.
E é novamente com Kassin, Domenico e mais uma turma de talentosos amigos, como Pedro Sá, Berna Ceppas, Dado Villa-Lobos, Alberto Continentino – a lista é imensa! - que ele lança seu segundo CD, Coisa Boa (Maravilha8 / Pomello). O título, diz, sintetiza o tema das 11 faixas de um disco repleto de boas vibrações.
Coisa Boa, conta Moreno ao JORNAL DA PARAÍBA, por telefone, demorou mais que o previsto: 14 anos o separam do seu álbum de estreia, Maquina de Escrever Música. O motivo é a agenda lotada de toda a turma. Somente nos últimos anos, Moreno trabalhou com a Orquestra Imperial, fez trilha sonora para o grupo de dança Corpo, produziu o álbum Recanto da madrinha Gal Costa e trabalhou no projeto infantil Partimpim, de Adriana Calcanhotto, entre outras tarefas.
A fim de se concentrar no novo álbum, Moreno voltou para Salvador com a família e lá ficou, entre 2010 e 2012. Um registro desse período acabou por ilustrar a capa do CD. “Essa foto é um reflexo dessa nossa estada em Salvador. Foi muito gostoso esse período”, comenta o músico, que passou a primeira infância na cidade, mas foi criado no Rio de Janeiro, voltando para Bahia passar férias.
Com ajuda de Pedro Sá (que assina a produção do disco com Moreno), o baiano tratou de selecionar o repertório, entre músicas feitas por ele (e parceiros como Quito Ribeiro) no intervalo de uma década. “Só há uma canção verdadeiramente inédita nesse disco, que é a música japonesa”, informa o músico, que se diz “muito devagar” para compor, referindo-se a uma parceria entre ele e a cantora Takako Minekawa, que além de escrever a letra, cantou os versos da música traduzida como ‘O mesmo céu’.
“Há muito tempo eu nutria esse sonho de compor uma parceria com a Takako, que era uma artista que eu já admirava, e esse sonho se concretizou em Coisa Boa”, confessa o baiano, cuja turma estreitou os laços com o Japão graças a Hiromi Konishi, apresentada a eles pelo americano Arto Lidnsey, devidamente agradecido no encarte do CD, assim como a vocalista do Pretenders, Chrissie Hynde, que chegou a morar um ano no Rio de Janeiro para ficar próxima à trupe do +2.
O repertório é fofo: com disco dedicado à mulher e aos filhos, o disco perpassa canções infantis, como ‘Coisa boa’, que nasceu de uma música de ninar que Moreno cantava para os filhos (e ganhou letra de Domênico) e ‘Jacaré coruja’, canção infantil que poderia figurar no repertório de Partimpim. “A gente fez (‘Jacaré coruja’) para agradar às nossas crianças”, admite. A vibe paizão segue com ‘Não acorde o neném’, gravada por Nina Becker.
Os fãs de Caetano, no entanto, acharão alguma semelhança com o tropicalista em meio ao repertório de 11 faixas. É o caso do samba de roda ‘Um passo à frente’, registrada por Gal Costa em 2005. O pai, que figurou no disco anterior, não participa deste, mas Moreno garante que ele está sempre por perto. “Eu sempre pergunto pra ele se ta bom, se ele gostou da composição. E a gente trabalha muito junto. A gente faz produções comigo, então a gente ta muito acostumado a ter essa parceria de trabalho e artística”.
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