Protesto contra gestão

Professores, funcionários e estudantes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) realizaram na manhã de ontem um protesto em frente ao ambulatório do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW). Com os rostos pintados e cartazes, os manifestantes fizeram panfletagem e declararam repúdio à adesão do hospital à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), alegando que a medida equivale a uma privatização do órgão. A direção do HULW já se posicionou a favor da adesão e garante que os serviços da unidade continuarão sendo 100% gratuitos.

A EBSERH é uma empresa pública, vinculada ao Ministério da Educação (MEC), criada pela lei nº 12.550/2011 sancionada pela presidenta Dilma Rousseff no ano passado. A entidade tem por finalidade gerenciar as atividades dos hospitais universitários e até o momento responde por 16 universidades federais, que respondem por 26 hospitais. A adesão à EBSERH não é obrigatória, pois cada universidade possui autonomia para se auto gerir. No campus I da UFPB, em João Pessoa, o conselho deliberativo do HU já aprovou a vinculação. O pedido foi encaminhado ao Reitor Rômulo Polari e aguarda deferimento.

O ato público ocorrido ontem foi liderado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior do Estado da Paraíba (Sintesp-PB) juntamente à Associação dos Docentes da Universidade Federal da Paraíba (Aduf-PB) e Centros Acadêmicos de diversas graduações. Para os manifestantes, vincular o HU à empresa significa deixá-lo vulnerável à exploração do capital privado.

O vice-presidente do Sintesp, Rômulo Xavier, argumenta que a adesão pode descaracterizar a função primordial do hospital universitário, que é a de formar recursos humanos na área da saúde. “O Governo Federal quer tirar os hospitais das universidades. A EBSERH é uma empresa aberta ao capital privado, isso pode dar margem, por exemplo, para que o HU faça convênio com um plano de saúde e passar a cobrar pelos serviços”, declara. “A medida já foi aprovada pelo conselho do HU sem debate. O que queremos agora é chamar a atenção do atual Reitor e da Reitora que assumirá a UFPB em novembro para que a adesão seja levada para o Conselho Universitário (Consuni) e discutida democraticamente”, acrescenta Rômulo.

O gerenciamento por parte da EBSERH gera dúvidas entre a comunidade acadêmica. O aluno de Medicina Gustavo Vieira é contra a vinculação. “A administração por parte dessa empresa é uma privatização disfarçada. Se chegar a ser implantada, essa gestão pode colocar dentro do HU estudantes de faculdades privadas através de convênios. A Empresa vai passar a contratar profissionais através do regime CLT e não por concurso público.

Outro fator negativo são as pesquisas desenvolvidas que passarão a ser ditadas pelo mercado”, enumera o estudante.