POLÍTICA
Cunha anuncia rompimento com governo; Planalto pede 'imparcialidade' na Câmara
Presidente da Câmara dos Deputados é acusado de receber propina no valor de US$ 5 milhões. PMDB afirmou que decisão é pessoal.
Publicado em 17/07/2015 às 16:12
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou nesta sexta-feira (17) o rompimento com o governo de Dilma Rousseff. O anúncio foi motivado por denúncias de que o peemedebista recebeu US$ 5 milhões em propina para viabilizar um contrato de navios-sonda da Petrobras para a empresa Toyo Setal.
A acusação foi feita pelo empresário Júlio Camargo, ex-consultor da Toyo Setal, em depoimento realizado ao juiz Sérgio Moro na quinta (16), pela Operação Lava Jato. Segundo Camargo, Cunha o pressionou a pagar um total US$ 10 milhões em propinas - dos quais, de acordo com o ex-consultor, Cunha teria dito que "era merecedor" da metade.
Negando as acusações, o deputado afirmou que a operação está sendo utilizada pelo governo como uma tentativa de fragilizá-lo e acrescentou que, por ser parlamentar, tem foro privilegiado e só pode ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). "O governo tem ódio de mim, fez tudo para me derrotar. Tem um bando de aloprados no Palácio", afirmou, sem citar nomes, acrescentando que a denúncia é uma "versão fantasiosa".
Cunha disse que vai tentar convencer o PMDB - partido do vice-presidente Michel Temer - a seguir a postura de rompimento na convenção do partido, que será realizada em setembro. Em nota, a presidência do PMFB afirmou que a posição de Cunha é "a expressão de uma posição pessoal".
Em virtude das denúncias, alguns parlamentares - como os deputados Silvio Costa (PSC-PE) e Ivan Valente (PSOL-RJ) - já começam a cobrar a saída de Cunha da presidência da Casa.
Governo espera imparcialidade da Câmara
Em nota, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República afirmou esperar que a decisão de Cunha não influencie as ações do presidente à frente das Câmaras dos Deputados. "O governo espera que esta posição não se reflita nas decisões e nas ações da presidência da Câmara, que devem ser pautadas pela imparcialidade e pela impessoalidade", ressalta o texto.
Apesar do pedido, o deputado autorizou a criação de quatro CPIs já na tarde desta sexta, apenas horas após o anúncio - duas delas que contrariam diretamente o Governo Federal: uma irá investigar empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); a outra vai apurar supostas irregularidades nos fundos de pensão das estatais.
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