Formação de uma legião

“Desde o princípio deixei claro que só estaria interessado em um filme de ficção, uma cinebiografia musical, focada no período de formação de Renato Russo”, declara Antônio Carlos da Fontoura, diretor de Somos Tão Jovens (Brasil, 2012), que estreia a partir desta sexta-feira nos cinemas paraibanos.

Responsável por documentários musicais como Os Mutantes e Chorinhos e Chorões, ambos realizados nos anos 1970, foi no meio dessa década que o cineasta optou pelo recorte da vida do líder da banda brasiliense Legião Urbana, morto em 1996, aos 36 anos.

“Fui convidado por Luiz Fernando Borges, amigo da família Manfedini (sobrenome verdadeiro do músico) e escolhi focar o período de sua adolescência para a idade adulta, em Brasília, entre 1976 e 1982”, conta o diretor.

O longa-metragem mostra quando o pacato adolescente andava de bicicleta e sonhava ser um astro do rock, passando pela adesão de ideais de filósofos como Jean-Jacques Rousseau e Bertrand Russell, até se tornar a voz de vários jovens através de suas canções.

“Optei apenas o período em que Júnior se torna punk, cria a banda Aborto Elétrico, compõe ‘Que país é este’ e ‘Geração Coca-Cola’, torna-se O Trovador Solitário, compõe ‘Eduardo e Mônica’ e ‘Faroeste Caboclo’ e por fim cria sua banda definitiva, a Legião Urbana”, resume Fontoura.

Para encarnar o papel do protagonista foi chamado o ator Thiago Mendonça, que já viveu um astro da música na telona, mas do gênero sertanejo em 2 Filhos de Francisco (2005), onde interpretou o Luciano da dupla com Zezé di Camargo & Luciano.

“O elenco foi selecionado por testes, exceto Thiago, que descobri na novela Duas Vidas, de Aguinaldo Silva”, relembra o realizador paulista. “O laboratório dele foi através da música: primeiro ele aprendeu a tocar e cantar como Renato Russo e foi isso que o fez incorporar o personagem”.

Dentre os nomes no elenco de Somos Tão Jovens, Laila Zaid (Tainá - A Origem), Bianca Comparato (de Anjos do Sol, que faz Carmen Teresa, a irmã do artista) e Nicolau Villa-Lobos, filho do baixista da Legião Urbana Dado Villa-Lobos, que interpreta o próprio pai no filme.

CARREIRA PÓS-VIDA
O diretor concorda que a produção do paraibano Vladimir Carvalho, Rock Brasília - Era de Ouro (2011), serve como complementação do cenário musical mostrado no longa. “Um excelente documentário sobre o rock que surgiu em Brasília na época retratada por nosso filme”.

Sobre a figura e a herança do roqueiro que continuam em alta (a adaptação cinematográfica Faroeste Caboclo será lançada no final deste mês), Antônio Carlos da Fontoura afirma que “Renato é um mito atemporal, um raro caso de carreira pós-vida, a exemplo de John Lennon e Elvis”.