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VIDA URBANA

Falta de moradia e educação sanitária originam doenças

Água sem tratamento adequado e poluída com coliformes fecais é um dos principais fatores para a disseminação das patologias.

Publicado em 04/09/2011 às 6:30

Luciana Oliveira

O pediatra Sebastião Ayres, que trabalhou por cerca de cinco anos no Programa Saúde da Família (PSF), afirma que os problemas socioeconômicos, como falta de moradia, de educação sanitária e de infraestrutura são as principais origens das “doenças de massa”. “Esses problemas acarretam a maioria dos atendimentos nos PSFs”, diz o médico que se especializou no atendimento à família, trabalhando em Santa Rita e em Mangabeira, em João Pessoa.

Segundo ele, as doenças infecto-contagiosas e as do aparelho intestinal, como a diarreia, são causadas pela falta de tratamento na água. “A água poluída, com coliformes fecais, é um dos principais fatores na disseminação dessas doenças. A diarreia é grave, causa a desidratação e mata muita criança”, disse o médico. Para ele, além de sanar os problemas de infraestrutura, seria preciso uma melhor educação sanitária da população. “É preciso educar, interferir no planejamento familiar e criar consciência sanitária. Isso envolve população e profissionais de saúde”, completa.

De acordo com a diretora de Atenção à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa, Thâmara Guedes, a Prefeitura trabalha de forma intersetorial para reduzir a situação de vulnerabilidade da população mais carente e melhorar a qualidade de vida.

Doenças Crônicas

De acordo com Jória Guerreiro, a mudança no perfil epidemiológico brasileiro não seguiu os padrões dos países mais desenvolvidos que viveram uma “transição epidemiológica”, na qual as mortes e adoecimentos por doenças transmissíveis foram substituídas pelas doenças crônicas (cardíacas, diabetes, obesidade) e violências. “Aqui no Brasil, vivemos o que se denomina 'polarização epidemiológica', onde convivem as doenças crônicas e as transmissíveis entre as principais causas de morte e doenças”, explica.

Ou seja, se nas últimas décadas o perfil epidemiológico brasileiro estava composto principalmente por doenças transmissíveis, hoje em dia ele evoluiu para as chamadas doenças crônicas. No entanto, para uma parcela importante da população, as doenças da pobreza são mais relevantes ou convivem em parceria com as crônicas.

Em maio deste ano, a Fundação Oswaldo Cruz elaborou uma nota técnica com sugestões de ações para o Ministério da Saúde para o Programa de Erradicação da Pobreza Extrema. De acordo com a nota, controlar as doenças promotoras da doença é requisito para o Brasil erradicar a miséria. Para isso sugere que as ações estejam baseadas em três eixos: renda, acesso a serviços públicos e trabalho.

Dengue

A dengue também é considerada pela OMS como uma das doenças da pobreza. Na Paraíba, foram notificados 5.699 casos no ano passado. Neste ano, até o dia 13 de agosto, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) confirmou 6.482 casos de dengue clássica, 103 com complicação e 90 de febre hemorrágica. Os números referentes a menos de oito meses do ano já superam os 12 meses do ano passado. Apesar do avanço dos números, a gerente Executiva de Vigilância Sanitária em Saúde da SES, Júlia Vaz, em notas enviadas à imprensa, afirma que a dengue está sob controle no Estado e que o governo está realizando ações nos 223 municípios.

A reportagem solicitou informações à SES sobre o que o governo vem fazendo para conter as “doenças da pobreza”, mas não obteve resposta.

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Jornal da Paraíba

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