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Gabaritos de provas da PF custavam até R$ 100 mil, diz delegado

Inquérito que investigou fraude faz parte da Operação Tormenta da PF. Suposta quadrilha também teria agido em outros concursos públicos.

Publicado em 20/10/2010 às 13:01

Do G1

Os gabaritos das provas do concurso para agente da Polícia Federal de 2009, vendidos por uma quadrilha, custaram de R$ 60 mil a R$ 100 mil, concluiu a investigação do próprio órgão, feita em parceria com a Corregedoria da Polícia Rodoviária Federal. Os detalhes foram divulgados nesta sexta-feira (15) ao G1.

A investigação sobre a fraude no concurso faz parte da Operação Tormenta, deflagrada em junho pela PF e que apura irregularidades também em outros concursos públicos: da Receita Federal, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), além do Exame da Ordem dos Advogados do Brasil.

De acordo com o delegado da PF Victor Hugo Rodrigues Alves, chefe da operação, 55 candidatos foram indiciados no inquérito sobre a fraude no exame da Polícia Federal. Foram indiciados também dez membros da quadrilha que desviou os gabaritos, sendo que alguns dos 55 candidatos também eram membros do grupo.

Na última quarta-feira (13), 49 candidatos indiciados foram eliminados oficialmente do concurso. Os outros seis já haviam sido excluídos em junho, logo que a operação foi deflagrada. O inquérito foi encerrado há cerca de dois meses, disse o policial federal.

De acordo com Alves, os candidatos foram indiciados por estelionato e receptação. Já os membros da quadrilha foram indiciados pelos crimes de formação de quadrilha, estelionato, corrupção ativa e corrupção passiva, dependendo de cada caso.

Policial rodoviário está envolvido, diz PF

O delegado explicou que a quadrilha operava com a ajuda de um policial rodoviário federal, que também foi indiciado no inquérito. Esse policial era responsável por pegar os cadernos de questões nas dependências da PRF, fazer uma cópia e vender o material para o "cabeça" da organização criminosa. Esse chefe, por sua vez, repassava as perguntas a professores que montavam o gabarito. Os gabaritos eram vendidos diretamente a candidatos ou para intermediadores. Depois, os candidatos ou decoravam as respostas, ou montavam uma cola ou recebiam as respostas por meio de pontos eletrônicos durante a prova.

De acordo com Alves, foi encontrado um cheque no valor de R$ 100 mil assinado por um candidato na casa de um dos integrantes da quadrilha. O delegado disse que o candidato confessou ter pago o valor pelo gabarito. Outros disseram ter pago R$ 60 mil, disse o policial.

O delegado afirmou que o inquérito já foi entregue ao Ministério Público Federal, que apresentou a denúncia à Justiça. Ainda segundo Alves, a Justiça já aceitou a denúncia e decretou prisão de alguns indiciados. Alguns estão presos, disse Alves.

Demais concursos

Além do concurso da PF, já foi encerrada a investigação sobre a fraude no Exame da OAB de 2009. Nesse caso, a Justiça Federal abriu processo contra 37 pessoas envolvidas, após a denúncia do Ministério Público Federal em Santos (SP). O esquema, segundo a promotoria, incluiu um curso com as questões para bacharéis em direito em uma universidade de SP.

De acordo com Alves, o total de envolvidos nas fraudes variava de acordo com cada concurso, mas já foram identificados 16 membros da quadrilha no total. Os inquéritos sobre as provas da Receita Federal, da Anac e da Abin continuam em andamento.

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Jornal da Paraíba

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