ESPORTES
Amadeu Rodrigues fala sobre os desafios na presidência FPF
Ele falou sobre suas preocupações e prioridades na entidade, disse quando pretende tomar posse e rasgou elogios à ex-presidente Rosilene Gomes.
Publicado em 21/12/2014 às 8:00 | Atualizado em 14/03/2024 às 17:06
Presidente eleito da Federação Paraibana de Futebol, Amadeu Rodrigues foi sabatinado pela equipe da Rede Paraíba de Comunicação. Ele falou sobre suas preocupações e prioridades na entidade, disse quando pretende tomar posse e rasgou elogios à ex-presidente Rosilene Gomes, que lhe apoiou na campanha vitoriosa. Ele destacou também qual a primeira meta de seu mandato e o que ele precisará fazer até 2018 para, ao término dos 4 anos, avaliar positivamente sua gestão. E definiu como "ato certo" uma reforma estatutária que acabe com as reeleições indefinidas. Veja:
JORNAL DA PARAÍBA - O senhor foi eleito com 52% dos votos. Até que ponto esta margem de votação lhe dá mais legitimidade para representar o futebol da Paraíba a partir de 2015?
Amadeu Rodrigues - Apesar da votação expressiva que a gente teve, o nosso compromisso não é só com os clubes, mas com todo o futebol paraibano. O que passou, passou, e nós temos que trabalhar é pelo futebol: as preocupações que acontecem no dia a dia, as dificuldades que nós temos junto à Federação. E já nessa parte de transição que eu estou fazendo com Eduardo Faustino (interventor), estou começando a sentir as dificuldades em algumas coisas, que inclusive foram usadas para fazer campanha dentro da própria FPF. Não por Eduardo, que ele não era candidato, mas pelos dois outros que eram. Eu estou sentindo muita dificuldade em relação às taxas de registro, que foram reduzidas. Mas enfim, estamos aí para trabalhar. Vamos cuidar de unir todos os clubes. Na quinta-feira, eu fiz um gesto de distinção, que foi chamar todos os clubes para conversar. Foram vários clubes que declaradamente não votaram em mim. Tipo o Botafogo, que estava no dia da eleição com camisa do outro candidato. Mas preocupados com o futebol paraibano, chamamos todos para poder discutir, principalmente a questão do regulamento geral das competições da CBF.
JP - O senhor falou de problemas nessa transição. O senhor pode citar alguns deles?
AR - A transição está sendo feita entre Eduardo e eu e ele me abriu todas as portas. Eu estou encontrando algumas dificuldades, principalmente para o campeonato, que é justamente a questão das taxas. Porque no arbitral, eu acho que Ariano, pensando no voto, diminuiu muito a questão da taxa e vai ficar difícil administrar a competição. Não temos a real situação ainda, mas nos próximos dias a gente vai ter uma ideia melhor das coisas. A gente tem um patrimônio que é aquele prédio que temos que cuidar. Temos o Estádio Juracizão, que estava se acabando e a gente já começou a fazer uma limpeza nele. E no meio disto eu me preocupo em iniciar o campeonato e no bom andamento dele. Tem arbitragem, tem ambulância, uma série de coisas que você sabe que custa dinheiro para a Federação. A FPF hoje não tem como bancar tudo, até porque eu ainda não sei os repasses da CBF que foram feitos durante o período da Junta. Não peguei a parte financeira para ver como está a situação hoje. Mas estou preocupado mesmo com o Campeonato Paraibano começando em janeiro. Preocupado de verdade.
JP - Qual o principal temor com relação ao início do campeonato em janeiro?
AR - A gente recebeu o Regulamento Geral das Competições (RGC) e lá existe o calendário de todos os campeonatos, inclusive determinando o período dos estaduais, que tem que começar em 1º de fevereiro. Mas a gente começa o campeonato no dia 10 de janeiro. Fiz a reunião para me isentar de qualquer responsabilidade que possa acontecer no campeonato. Porque a CBF prevê a exclusão dos clubes que vão participar de competições oficiais da CBF e que descumprirem esta regra. E isso seria muito ruim para o futebol paraibano. Mas estavam lá os três clubes mais prejudicados, Botafogo, Treze e Campinense, e eles não aceitaram a mudança. Minha preocupação maior é essa hoje, depois a gente vê a parte financeira, vê como a gente pode ajudar. Ainda assim, já voltamos a conversar com a Penalty e ela vai voltar a patrocinar o campeonato. Tentamos também ver se a Chevrolet volta. Dia 5 eu vou ao Rio de Janeiro me encontrar com Del Nero (futuro presidente da CBF). Vamos lá de pires na mão para ver o que a gente pode ajudar os clubes. Minha administração vai ser assim, na conversa.
JP - A posse já é no dia 1º de janeiro?
AR - Não. Eu estou pensando em fazer no dia 2. Dia 1º vai ter muita movimentação na cidade porque vai ser a posse do governador. Eu acho que dia 2 ou dia 5, que cai em uma segunda-feira.
JP - Qual vai ser o seu primeiro ato como presidente?
AR - A gente tem várias coisas para cuidar ali, mas a minha preocupação maior hoje é justamente o campeonato. Eu estou sem dormir, estou preocupado de verdade. Vou chamar de novo os três mais prejudicados para a gente conversar e acertar. Porque eu fiquei com a incumbência de ficar ligando para os presidentes de federações, principalmente os do Nordeste, porque todos, menos a Bahia, vão inciar seus campeonatos justamente no mês de janeiro. Mas eu não sei qual é a metodologia que eles vão usar. Se eles vão deixar de fora os clubes que vão participar das competições da CBF. Minha preocupação hoje é essa. Aí depois vamos sentar e sentir a real situação da Federação. O que já está acontecendo hoje é conseguir dar uma manutenção nos patrimônios da Federação, que é justamente o Juracizão. Já tem gente trabalhando lá e vamos sentar com os advogados para ver a situação, com a parte contábil no geral. A princípio a gente está preocupado com o Campeonato Paraibano. Então minhas ações vão ser todas voltadas para o campeonato. Viajar, ir atrás, mostrar aos caras que eles estão entrando em uma coisa que eu acho que é errada. O presidente da CBF não vai liberar, vai mandar punir, estou avisando. Já lavei minhas mãos, já fiz uma reunião e já tem uma ata inclusive com todos os clubes se responsabilizando por eventuais problemas.
JP - A eleição evidenciou o atraso com relação ao estatuto. Ele está claramente desatualizado. É ideia sua refazer uma reforma estatutária?
AR - Essa é uma coisa que inclusive eu já mandei tratar. Os meus advogados vão participar desse processo de reformulação do estatuto. Tem muita coisa ali, a começar mesmo pela eleição. A gente foi lá, fez o registro da candidatura e não tinha uma comissão eleitoral, porque o estatuto era omisso. Como é que você registra uma candidatura, começa o processo eleitoral e não tem uma comissão? A reforma precisa ser feita. Por exemplo, voto por procuração, não existe isto, eu vou tirar também. Nós vamos apresentar nossa proposta de mudança de estatuto praticamente fechado, deixando um espaço para sugestões de presidentes de clubes e ligas. Isso a gente tem que fazer. Essa eleição não teve uma regra, foi do jeito que queria lá. Nós vamos com certeza fazer a reforma.
JP - Você tem o intuito de propor a limitação de reeleição?
AR - Tenho. Um mais um ou um mais dois (mandatos). Vai depender muito. Com o tempo a gente vai decidir isto. Lógico que com os clubes. A gente precisa de dois terços dos votos para referendar a assembleia que a "gente vai ter que fazer, mas no mínimo um mais um. Inclusive, eu acho que naquele projeto de lei que foi apresentado pelo senador Cássio Cunha Lima, ele limita o número de reeleição. Eu vou pegar essa lei e colocar dentro do estatuto. Vou fazer isto.
JP - Falando novamente da eleição. O senhor foi apoiado pela ex-presidente Rosilene Gomes. Até que ponto o senhor credita a participação dela na sua vitória?
AR - Muito. Quando a gente teve a primeira conversa, eu sempre deixei claro nas entrevistas que todos os candidatos, e na época pré-candidatos, foram procurar Rosilene Gomes para ter o apoio dela. E no final de tudo, pela minha história também, que já fui vereador de João Pessoa e tenho uma vida limpa, ela me escolheu. Então o apoio dela foi decisivo. Eu tinha alguma coisa, alguns clubes, mas não chegaria. Porque eu não concorri só com Coriolano, eu concorri com o irmão do governador. Se eu não tivesse o apoio dela, seria difícil. Toda viagem que eu fazia para visitar os presidentes de ligas e clubes, eu chegava lá e as pessoas diziam: não é Coriolano, é o irmão do governador. Então isso pesou muito e a gente ficou preocupado. Fora as conversas que chegavam de promessas de emprego. A gente não tinha o que oferecer, a verdade é essa. Eu tinha o conhecimento com alguns, porque na minha época de vereador, em 2000, alguns clubes já tinham me apoiado. Mas nós tivemos apoio não só dos amadores, nós tivemos apoio de times importantes. Tivemos o Treze, o Campinense, o Serrano. Eles votaram declarados com a gente. As ligas, os clubes da 2ª divisão também. A gente andou muito. Passei quase cinco meses nessa campanha e no final foi boa porque ganhamos.
JP - Qual a característica dela enquanto presidente que o senhor pretende manter? E qual o senhor acha que precisa ser modificado?
AR - Eu não vejo muita coisa errada. Ela fez o que pôde pelo futebol. Agora, a certa é a força que ela tem junto às federações, à CBF. Ligou para Del Nero e marcou essa reunião. Foi ela quem marcou. Ela tem uma vontade grande de continuar nos ajudando e eu preciso muito por conta do acesso que ela tem. Ela foi afastada, mas não foi citada em nada, não tem nada que desabone a conduta dela até agora. E se tiver de acontecer, ela vai provar a inocência dela. Isso é o que eu levo e eu tenho certeza que a contribuição dela é muito importante para mim. Porque ela conhece, e conhece muito além de futebol, conhece as forças que fazem o futebol brasileiro. Isso é muito bom para gente, muito bom ter esse apoio. Não só para mim, mas para qualquer um dos eleitos.
JP - Vocês já conversaram sobre o futuro? Ela pretende ser candidata de novo um dia?
AR - Eu acredito que mais não. Ela trabalha muito, é uma guerreira. Tem muitas empresas e ela comanda lá muito bem. Não cheguei a conversar com ela, se ela queria voltar, mas eu acredito que não. Já está na hora de descansar um pouco. Eu acho que não tem mais tempo para ela por conta das empresas dela, da loucura que ela vive. Loja aqui, em Natal e ela participa ativamente. Eu vou ter quatro anos de mandato e acho que ela não volta. Não conversei com ela, mas acho que ela não volta. Ela vai continuar sempre ajudando até quando Deus quiser, isso eu não tenho dúvida. Porque ela gosta mesmo. Eu convivi muito com ela nesse período de campanha e ela não para um minuto e gosta do povo, dos presidentes de liga.
JP - Você vai ser presidente até 2018. Na sua cabeça, o que o senhor quer que esteja diferente para que o senhor diga que foi um bom mandato?
AR - Eu queria ver os estádios lotados. É um grande sonho, um grande desafio. Eu vou tentar e vou trabalhar por isso. O futebol é torcida, a minha infância era assim. Eu ia com meu pai e via lá no campo aquela vibração, aquela coisa bonita. Então meu sonho é esse. Eu vou tentar e vou trabalhar muito para isto. Inclusive, o que eu quero fazer, mas existem algumas dificuldades, é a questão da preliminar. Eu queria ver se eu revitalizava a preliminar para os amadores, porque aquilo para uma criança de 15 e 16 anos seria uma loucura. Seria uma satisfação para quem mora na periferia da cidade, uma oportunidade dessa. Isso geraria uma cultura e mais na frente daria frutos. Como era antigamente. Aquilo empolgava, era uma festa. Se a gente conseguir isso, o futebol não para mais.
JP - Você falou de estádio lotado. Você agora representa todos os times paraibanos, mas na sua infância qual time você ia assistir?
AR - Eu estou de férias na questão torcedor. Nos próximos quatro anos eu não tenho mais time. Dei entrada nas minhas férias já (risos). Quando saiu a votação, eu fui lá e preenchi meu pedido de férias (risos).
JP - A partir de janeiro, o senhor vai ter que começar a montar sua diretoria. E a parte importante é a comissão de arbitragem. O senhor já tem nomes?
AR- A comissão é formada por três membros. O presidente e mais dois. Um dos nomes pode ser o de José Renato. Nós já estamos conversando com ele. Tem também o Marcílio Braz, que já foi árbitro e é da minha comissão fiscal. Temos bons nomes, mas não está fechado ainda.
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