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VIDA URBANA

Vítimas não denunciam crimes

Descrentes, vítimas de pequenos delitos não procuram delegacias ou até mesmo números de emergência da polícia para prestar queixa.

Publicado em 31/08/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 16:55

“Não vou registrar queixa. Sei que o bandido não será punido por isso que aconteceu. Se ele tiver dinheiro, paga uma fiança e voltará às ruas. O crime vai ficar por isso mesmo”. O desabafo é do comerciante Garcez Filho, que há 28 anos trabalha mantém um quiosque no Parque Solon de Lucena, em João Pessoa, e foi vítima de vandalismo e tentativa de assalto.

Assim como o comerciante, muitas pessoas vítimas de pequenos delitos não procuram delegacias ou até mesmo os números de chamada de emergência da polícia para prestar queixa. O medo de represálias e a descrença no trabalho da polícia podem ser as principais motivações para que essas pessoas não informem oficialmente o crime que sofreram. São os sub-registros de crime.

De acordo com informações da Polícia Civil, os casos em que mais acontece esse tipo de situação são os assaltos, pequenos furtos, extravio de bens, em que a vítima não necessariamente tenha sofrido violência física.

Mas, os sub-registros de crimes podem ocorrer ainda com pessoas sofreram o delito pela primeira vez e denunciaram. Mas, ocorrendo o fato novamente, a vítima não procura mais as autoridades. Foi o que aconteceu com a turismóloga Janine Monteiro. Além de ser vítima de pelo menos dois assaltos, ela teve a casa invadida por um bandido, em 2011. No primeiro caso, a queixa foi registrada. No outro, ela e os familiares sofreram ameaças do bandido e não levaram o caso à polícia.

“Da primeira vez que fui assaltada, levaram meu celular e os documentos. Registrei a queixa porque precisei do Boletim de Ocorrência (BO) para solicitar a segunda via dos documentos. Mas, nunca soube se a polícia foi investigar. Acho que ficou por isso mesmo. Quando o bandido entrou na minha casa, chegamos a chamar uma viatura da polícia. Mas no dia seguinte o bandido voltou e nos ameaçou. Se não for um caso de repercussão, não adianta”, lembra Janine.

A descrença da turismóloga nas ações da polícia no caso de pequenos delitos é compartilhada também pelo técnico em eletrotécnica Adriano Sérgio e do comerciário Érick Medeiros.

Na opinião deles, diante de crimes graves, como homicídios e tráfico, a Polícia Cvil deixa em segundo plano a investigação de casos em que as vítimas não sofreram grandes danos.

“Acho que muita gente tem medo em denunciar e sofrer alguma ameaça por parte do bandido, até porque a maioria das pessoas que cometem pequenos assaltos não ficam presas, principalmente se forem menores”, disse Érick Medeiros. Já Adriano Sérgio acredita que as pessoas não denunciam por perceber falta de empenho dos policiais. “Se acontecer qualquer coisa com uma pessoa conhecida ou do meio, a polícia investiga imediatamente. Mas quando é com a população é difícil acontecer o mesmo”, criticou.


Análise da Notícia

Por: Nilton Formiga
Professor e pesquisador na área de Psicologia Social da Faculdade Maurício de Nassau

Demora nos resultados gera descrença nas
estruturas de segurança

“As pessoas vivem em um processo de sentimento anômico. Elas acham que estão à margem da sociedade, das normas sociais e do cumprimento delas. A relação com os órgãos da segurança pública gera esse tipo de pensamento, quando as pessoas percebem que os resultados demoram a chegar ou que não existem. Tudo isso termina construindo uma descrença nas estruturas de segurança. As pessoas não acreditam que a polícia tenha uma ação direta. Mas, às vezes acreditam que essa ação é culpa de um sistema político, em que você não consegue observar as ações do governo atuando sobre a segurança pública”.

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Jornal da Paraíba

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