ECONOMIA
Varejo tem desafios no segundo semestre
Nível de confiança em baixa, inflação elevada e retração econômica geral incertezas no setor
Publicado em 20/07/2014 às 8:00 | Atualizado em 06/02/2024 às 17:05
A alta da inflação, a retração da economia do país, baixa confiança na recuperação do mercado e cenário político indefinido no país são alguns dos desafios que os empresários do comércio devem enfrentar neste segundo semestre do ano.
Representantes de entidades paraibanas e especialistas afirmaram que não acreditam em grande crescimento no faturamento do setor varejista até o Natal.
Nos primeiros seis meses do ano, o setor do comércio, que tem forte empregabilidade e está inserido nos 223 municípios da Paraíba, apresentou desempenho menor do que 2013. Em maio deste ano, mês do Dia das Mães, a Pesquisa Mensal do Comércio mostrou que o volume de vendas (6,2%) foi menor do que o registrado no mesmo período do ano anterior (7,6%). No entanto, o índice foi superior à média do país (4,8%).
O estudo também mostrou que, em abril, a Paraíba havia sido o Estado com maior crescimento mensal do setor no Nordeste, ao lado de Pernambuco, com 0,7%. Já em maio, a posição do Estado caiu para a sexta melhor colocação na região.
O presidente da Federação das Associações Comerciais da Paraíba, Alexandre Moura, destacou algumas ações que poderão reverter o baixo desempenho enfrentado no comércio este ano. “A inflação precisa ser combatida. Batemos pela terceira ou quarta vez no teto da meta e isso reflete redução no investimento e segura mais a economia. Então, forma-se um ciclo”.
Segundo Moura, independente de quem for eleito nas eleições de outubro, a economia precisará de adaptações em 2015. “O ano que vem será um ano de ajustes. E o comércio é o primeiro a sentir o baque. Se você tem muita restrição ao crédito e muitos ajustes fiscais, você vai ter retração no comércio. O que todo mundo se preocupa é como será esta acomodação”, frisou.
Ele destacou ainda que no segundo semestre, se o comércio paraibano repetir o mesmo desempenho dos primeiros seis meses de 2014 “já está de bom tamanho”.
O economista Rafael Bernardino enfocou que a situação do setor na Paraíba independe da realização de eventos como a Copa do Mundo porque o empresariado está vivendo um grau de desconfiança generalizada por causa do quadro econômico do país.
“Independente desses eventos como Copa do Mundo, o empresariado está com um grau de desconfiança generalizada, um desânimo enorme e os investimentos estão dentro da gaveta. Existia uma contabilidade criativa por parte do governo que teve repercussão bastante negativa. Quando você não confia na política, você segura os gastos. Então, 2014 para mim acabou. A economia não deve crescer mais que 2013. Mas não podemos deixar que a esperança se evapore e agora é pensar em 2015 na esperança que melhore”, frisou.
Rafael Bernardino enfocou que após as eleições espera que a confiança dos empreendedores seja resgatada. De acordo com ele, as próprias idas e vindas das ações do governo federal trazem o descrédito e a insegurança econômica. “Uma hora o IPI vai subir, em outro momento, há baixa. Se você não acredita que as coisas vão caminhar adequadamente, não investe e não se arrisca. O grau de confiança é fundamental, porque o que gera desenvolvimento econômico é desenvolvimento e geração de emprego e renda”, frisou o economista.
De acordo com ele, para superar a crise, o empresário do varejo precisa se organizar, renovar suas ideias e estar conectado com o mercado. “O empresariado precisa se equipar melhor tecnicamente com profissionais do mercado financeiro para analisar e fazer o contraponto. O que o governo está fazendo com o aumento da Selic, por exemplo, não é para controlar a inflação. É para poder conseguir rolar a dívida interna, que é muito elevada. Então esse problema também deve ser verificado”, argumentou Bernardino e acrescentou.
“Os setores de liderança precisam se comprometer com o Brasil. Ficam esperando que as desvantagens econômicas sejam resolvidas por Brasília, que já tem seus problemas.
Quem tem que pensar a economia da Paraíba são os paraibanos e se não fizermos o dever de casa, não se resolve. As entidades têm que participar e renovar mais”.
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