VIDA URBANA
MPF pede suspensão do programa Correio Verdade
Ação foi motivada pela exibição de cenas reais de estupro de uma adolescente de 13 anos, em Bayeux, Grande João Pessoa.
Publicado em 08/10/2011 às 6:30
O Ministério Público Federal na Paraíba (MPF) propôs uma ação civil pública, na última quinta-feira, pedindo a cassação da concessão da transmissão da TV Correio, afiliada da Rede Record no Estado, a suspensão do programa Correio Verdade e o monitoramento dos programas transmitidos pela emissora. A ação foi motivada pela exibição de cenas reais de estupro de uma adolescente de 13 anos, em Bayeux, Grande João Pessoa, transmitidas no dia 30 de setembro, no programa que vai ao ar entre 12h e 13h. As cenas foram filmadas com um celular por um acusado de ser comparsa do autor da violência.
A ação foi proposta com pedido de liminar contra a TV Correio, o apresentador do programa 'Correio Verdade', Samuel de Paiva Henrique, conhecido como Samuka, e a União. A ação pede ainda o pagamento de indenização de R$ 500 mil à adolescente, pelo uso indevido da imagem, violação da privacidade e danos morais, além do pagamento de R$ 5 milhões por danos morais à coletividade, totalizando o valor da causa em R$ 5,5 milhões.
“A exibição desse vídeo é a prova mais cabal de até que ponto chegou a qualidade desses programas policiais. É chegado o momento de reverter esta tendência, direcionando-a para uma programação decente, de qualidade, apropriada para o horário em que é exibida. As empresas precisam perceber que a continuidade de práticas como esta implicarão em sérias consequências, inclusive de ordem financeira”, destacou o procurador federal, Duciran Farena.
O procurador informou também que já entrou em contato com os patrocinadores do programa, recomendando que eles suspendam a publicidade no programa. Ele também recomendou que a própria TV Record impeça a transmissão de sua programação pela afiliada TV Correio.
“Lamentavelmente, a postura de determinadas empresas de comunicação, até agora, tem sido de deixar do jeito que está para ver o que acontece. Mas, a partir de agora, acredito que haverá uma mudança”, afirmou Duciran Farena.
Para o professor da pós-graduação em Comunicação e em Sociologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Wellington Pereira, “essa ação do MPF era mais do que necessária para proteger a sociedade”. Segundo ele, o jornalismo tem se resumido a um balcão de negócios, onde a principal mercadoria é a violência. “Esse tipo de programa quebra o decoro e invade o espaço público. É um empobrecimento do exercício ético, já que a sociedade não autorizou a publicidade indevida dessa violência”, afirmou o professor, doutor em Sociologia.
A coordenadora-geral do Centro da Mulher 8 de Março, Irene Marinho, afirmou que é “radicalmente contra qualquer exposição de crianças e adolescentes na mídia”.
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