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CULTURA

Sem perder a majestade

Segundo disco póstumo do Rei do Pop, 'Xscape', acaba de chegar às lojas com oito músicas inéditas.

Publicado em 03/06/2014 às 6:00 | Atualizado em 29/01/2024 às 16:18

O espólio musical deixado por Michael Jackson (1958-2009) ainda pode surpreender. Quem duvidar que procure Xscape (Epic/Sony Music, entre R$ 25,00 e R$ 50,00), segundo disco póstumo do Rei do Pop que acaba de chegar às lojas com oito músicas inéditas.

A construção do CD – lançado em dois formatos, simples, de capa cinza, e duplo, dourada – é curiosa. O atual diretor executivo da Epic Records, gravadora que detém os direitos sobre as gravações de Jackson, L.A. Reid, produtor bem prestigiado no universo pop, mergulhou nesse imenso baú, sem qualquer restrição, à procura de sobras que rendessem um bom álbum.

De acordo com o encarte da edição de luxo (dupla), era prática de Michael Jackson gravar um número considerável de músicas que só seriam aproveitadas em álbuns posteriores. Por exemplo, ‘Wanna be startin’ something’ foi gravada na época de Off The Wall (1979), mas só foi incluída no álbum seguinte, Thriller (1982), e assim o artista o fez por toda a carreira.

Reid foi colhendo as músicas que Michael gravou e deixou de lado e se concentrou nos registros que ele fez entre 1983 e 1999, pinçando canções feitas entre pouco depois de Thriller até as sessões de Invincible (2001), valendo-se de um rico material de Bad (1987).

Com todos os vocais de Michael (o principal e os “backings”, além dos inconfundíveis 'áu' e 'írri'), as canções mostram o cantor por inteiro, e cumprem o fundamental papel de provar que ainda é possível extrair um ótimo repertório do Rei do Pop a partir das cinzas deixadas por ele, coisa que o disco póstumo anterior, Michael (2010), não fez.

As oito músicas selecionadas por Reid ainda receberam uma nova roupagem pelas mãos de um time de produtores tarimbados. Coube a Timbaland (responsável por uma extensa lista de singles de sucesso, de Jay-Z a Rihanna), Rodney Jerkins (que trabalhou com o rei do pop em ' You rock my world') e JRoc Harmon (Justin Timberlake), entre outros, fazerem com que o repertório soasse contemporâneo, como se Michael tivesse acabado de gravá-lo, sem, entretanto, fugir ao estilo que deu fama ao cantor.

O resultado não decepciona. ‘Love now felt so good’, parceria de Jackson com o lendário Paul Anka e gravada originalmente em 1983 (com o piano de Anka), abre o repertório exalando o balanço inconfundível do astro pop.

Muitas das músicas saíram da sessão de Dangerous (1991), e uma delas está entre as melhores do álbum: ‘A place with no name’, recriação do clássico ‘A horse with no name’, que o grupo América lançou em 1972. Também dessas sessões saiu uma típica canção Michael Jackson dos anos 90, ‘Slave to the rhythm’, e ainda a balada ‘Chicago’ (originalmente chamada de ‘She was lovin’ me’).

Lá pelas tantas, uma faixa pode suscitar polêmica: ‘Do you know where your children are’ poderia passar em branco se o cantor não tivesse sido judicialmente acusado de molestar crianças.

Escrita pelo próprio Michael Jackson, a letra fala sobre uma garota molestada pelo padrasto. As primeiras gravações dessa música datam da época de Bad, mas a canção só foi finalizada nas sessões de Dangerous, quatro anos depois.

Na edição deluxe, que contém um CD e um DVD, ainda é possível ouvir as oito gravações com seus arranjos originais e assistir a um documentário em que Reid e os produtores falam como construíram os novos arranjos – infelizmente, não há qualquer legenda nesse material.

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Jornal da Paraíba

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