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CULTURA

O maestro da big band

Autor da biografia sobre a Orquestra Tabajara fala sobre o livro, obra fundamental para conhecer a importância do Maestro Severino Aragão.

Publicado em 19/08/2012 às 13:54


Foram 74 anos à frente da consagrada Orquestra Tabajara.

Quando o maestro pernambucano Severino Araújo morreu no dia 3 deste mês de insuficiência respiratória, aos 95 anos, no Rio de Janeiro, foi ainda com vida – algo raro no Brasil – que recebeu uma das últimas homenagens: o lançamento de um livro que disseca toda a sua trajetória frente ao conjunto paraibano.

“Fiz questão de fazer esse livro em vida para homenageá-lo”, confirma o paulistano Carlos Coraúcci, autor da biografia Orquestra Tabajara de Severino Araújo - A Vida Musical da Eterna Big Band Brasileira (Companhia Editora Nacional, 336 páginas, R$ 39,90), obra lançada no final de 2009. “Quando fui mostrá-lo, ele ficou tão emocionado que escreveu até um bilhete de agradecimento, reproduzido no final do livro. ‘Até que enfim alguém se lembrou de mim’, disse ele, muito feliz.”

A edição faz um passeio não só pela trajetória da ‘big band’ tupiniquim, mas também contextualiza historicamente o país, desde quando o Nordeste passou a ser uma peça-chave da economia, na época do Império, com a cana-de-açúcar. O mesmo produto que Severino Araújo cortava ainda criança, em Limoeiro, interior pernambucano. O garoto não se desgrudava do pai, mestre Cazuzinha, principalmente quando ele preparava um novo arranjo ou dobrado.

Aos 6 anos, impressionou a todos quando respondeu sobre as escalas musicais. “São cinco tãos e dois semitãos, e um está bem longinho do outro. Isso se repete a cada oito notas”, explicava para as pessoas, atônitas.

“Foram quatro anos de convivência”, relembra Coraúcci.

“Severino era uma pessoa alegre, extrovertida e inteligente, além de possuir uma memória fantástica. Com seus mais de 90 anos lembrava tudo, detalhe por detalhe.”

Para escrever a obra, o autor, que começou em fevereiro de 2008 e findou em agosto de 2009, trabalhava entre 16 e 17 horas por dia.

No livro, além da trajetória do maestro e seus músicos, traz também a discografia, músicas e formações completas e um apanhado de mais de 50 fotografias.

TRILHA DE SUCESSO
Criada em João Pessoa pelo empresário e cônsul holandês Oliver Von Sohsten, em 1933, a Orquestra Tabajara começou com a alcunha de Jazz Tabajara. Com a chegada de Severino Araújo, em 1938, o jovem maestro de 21 anos mudou o status do grupo. “Foi ele que aumentou o naipe da banda, colocando mais trompetes, mais trombones, mais saxofones, uma estrutura de ‘big band’ mesmo”, afirma o memorialista.

No repertório, além dos clássicos norte-americanos da época, estilos musicais como o frevo e o choro foram agregados.

“Qualquer ritmo ele jogava para a orquestra. Compôs muitos frevos e ‘Espinha de bacalhau’, seu mais conhecido choro.”

Das ondas do rádio, a orquestra ganhou o Brasil e o mundo, com mais de 100 discos lançados. O grupo ainda está em atividade no Rio. Cinco anos atrás, Severino havia sido substituído no comando pelo seu irmão, Jayme.

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Jornal da Paraíba

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