CULTURA
Para entender a loucura
Palestra ministrada no Zarinha Centro de Cultura aborda tratado filosófico de Erasmo de Roterdã, 'Elogio da Loucura'.
Publicado em 10/04/2014 às 6:00 | Atualizado em 16/01/2024 às 17:48
Ela é tema e personagem de Elogio da Loucura (1511), tratado filosófico de Erasmo de Roterdã (1466-1536) que quase atirou o autor na fogueira e foi propulsor da Reforma Protestante. A loucura, que o pensador abordou em um dos trabalhos mais influentes do século 16, rende sabatina hoje, às 19h30, no Zarinha Centro de Cultura, em João Pessoa. O investimento é de R$ 80,00 (inteira) e R$ 40,00 (meia).
A palestra ministrada pela professora Zarinha é a terceira de uma série que começou em fevereiro e já discutiu os livros Grande Sertão: Veredas (1956), de João Guimarães Rosa (1908-1967), e A Bagaceira (1928), de José Américo de Almeida (1887-1980).
Do romance para o ensaio, a série levanta um assunto que, segundo a palestrante, é bastante atual. "Tão atual que parece que Erasmo de Roterdã escreveu hoje", afirma Zarinha. "A loucura é protagonista da obra e ela mesma vai mostrar a sua 'utilidade', 'serventia' e 'benefícios' que traz para o mundo."
Para Roterdã, a ideia central parece ser a de que, se todos fôssemos sensatos, a vida não seria possível: "O mundo não seria viável sem o trabalho que ela (a loucura) faz juntos aos governantes, clérigos e artistas", explica Zarinha. "A vida é muito difícil e angustiante. O homem rouba, mata, trai e difama. Se não fosse a loucura, não suportaríamos isso."
Outro componente destacado pela professora em Elogio da Loucura é o tom satírico impresso por Erasmo de Roterdã. "É uma obra humorística, o que é raro entre os títulos clássicos. Ela ressalta toda a estupidez do ser humano, todas as formas de estupidez."
Publicada originalmente em uma edição ilustrada por Hans Holbein (1497-1543), filho do célebre retratista alemão de mesmo nome, Elogio da Loucura foi bastante difundida após a sua impressão e chegou a ser traduzida para o francês e alemão antes da morte do autor, propalado como um dos primeiros 'best-sellers' muito antes de o termo ser cunhado pelos teóricos da Indústria Cultural.
PRÓXIMAS PALESTRAS
O circuito de palestras do Zarinha Centro de Cultura segue com periodicidade mensal no espaço localizado no bairro de Tambaú. De acordo com a professora Zarinha, as próximas palestras vão continuar a enveredar pela bibliografia fundamental da literatura universal: "Fizemos duas palestras sobre obras da literatura brasileira, então vamos nos concentrar agora na literatura estrangeira, como Dom Quixote (1605 -1794) e A Divina Comédia (século 14)."
Além das duas obras fundadoras das literaturas espanhola e italiana, respectivamente, Zarinha espera incluir em suas próximas palestras motes como a representação de alguns sentimentos nas artes, a exemplo da dor: "Estamos pensando em variar os temas, incluindo este da dor e a sua relação com o cinema, a literatura, a pintura e a escultura para tentar aguçar também a curiosidade de quem não leu os livros."
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