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ECONOMIA

Renda e empregabilidade são desafios para mulheres na PB

Trabalhadoras com ensino superior no Estado ganham até 33% a menos do que os homens, diz MTE

Publicado em 08/03/2015 às 9:00 | Atualizado em 19/02/2024 às 17:06

Os dias em que a única função das mulheres era cuidar da casa e dos filhos ficaram para trás. Cada vez mais incluídas no mercado de trabalho, hoje é possível encontrar mulheres trabalhando em todos os setores da economia e até em números absolutos em maior quantidade que os homens. No entanto, as diferenças salariais entre homens e mulheres ainda existem em praticamente todas as profissões, segundo o cientista social com PhD em trabalho, Roberto Véras. Dados da última Relação Anual de Informações Sociais (Rais), de 2013, publicada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) revelam que as mulheres paraibanas com ensino superior ganham até 33% menos do que os homens.
Na Paraíba, o salário médio registrado foi de R$ 1.686,09 para homens, e R$ 1.592,80 para mulheres, o que coloca as mulheres ganhando 5,53% menos. Contudo, a diferença cresce quando aumenta o grau de instrução. Enquanto os homens com ensino superior incompleto ganham R$ 2.059,67, as mulheres recebem apenas R$ 1.374,60, o que equivale a 33,26% menos do que o salário masculino. Já entre os profissionais com ensino superior completo, os homens recebem em média R$ 4.154,65, e as mulheres ficam com R$ 2.811,08, salário 32,33% menor para elas.


ELAS SÃO MAIORIA
Na Paraíba, as mulheres são maioria em nível superior no mercado de trabalho. Dos 128.303 trabalhadores com ensino superior, mais de 58% são mulheres, mas ainda ganham 67,66% da remuneração média dos homens com mesmo grau.
Para Roberto Véras, a disparidade salarial é mais notável entre os empregos que exigem maior grau de instrução porque são cargos onde os salários são mais elevados, e portanto, as margens para redução são maiores. “Os salários menores já se encontram no limite da sobrevivência e há a legislação do salário mínimo. Isso inibe variações maiores”.
De acordo com o especialista, as diferenças nas médias de remuneração entre homens e mulheres podem acontecer de duas formas. Uma delas é quando existem salários desiguais para funções semelhantes. A outra ocorre em razão da distribuição de cargos de chefia, que são melhor remunerados, preferencialmente aos homens. “Isso ocorre porque ainda existe forte preconceito com relação à condição da mulher na sociedade”, explicou Véras. Segundo ele, tradicionalmente, as mulheres estão associadas a tarefas de reprodução social (referidas aos cuidados com a família e não remuneradas), enquanto os homens estão associados com as tarefas produtivas (atividades de produção de bens e serviços e remuneradas).

Preconceito contra gravidez persiste

Uma das principais desculpas dos empregadores para não contratar mulheres, ou dar a elas salários menores, é a gravidez. “O medo da gravidez reina entre os empregadores”, disse a socióloga Ivonildes Fonseca. Para o especialista em trabalho Roberto Véras, esse tipo de argumento só contribui para reforçar o preconceito.
A vendedora Edvânia Monteiro não encontrou dificuldade para conseguir emprego na loja de artigos para bebês onde trabalha, e que só conta com vendedoras do sexo feminino. “Acho que mulher tem mais jeito para lidar com vendas de roupas, ainda mais de criança”.
Edvânia, entretanto, admitiu que as mulheres enfrentam mais dificuldade no mercado de trabalho. “Depende muito da empresa, mas tem umas que só querem contratar mulheres sem filhos. E se tiver filho eles perguntam logo com quem a criança vai ficar. Tudo para a mulher é mais dificultoso”.
Além disso, alguns preconceitos enraizados na nossa sociedade acabam por prejudicar a imagem da mulher no trabalho, segundo Ivonildes Fonseca. “São predominâncias de estereótipos calcados no senso comum, que estabelecem uma dualidade em que o homem ocupa o polo da positividade, e a mulher o da negatividade. Por exemplo: todo homem é objetivo, sério, dotado de um alto poder de racionalismo. Toda mulher é dotada da falta de objetividade, não tem controle das emoções e assim não pode ocupar lugar de decisão”.
De acordo com os especialistas, o enfrentamento ao problema passa por mudanças culturais, institucionais e legais. Ivonildes Fonseca afirmou que é necessária a implementação de ações que façam com que a classe trabalhadora se fortaleça para exigir os seus direitos igualitários. Assim como Roberto Véras, que disse também que medidas de conscientização sindical podem repercutir nas negociações salariais.

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Jornal da Paraíba

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