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CULTURA

Aos 95 anos, Manoel de Barros lança livro

Poeta da voz e traço ao personagem Bernardo em 'Escritos em Verbal de Ave'.

Publicado em 23/12/2011 às 8:00


"Eles passarão. / Eu passarinho!". Provavelmente o poeta Manoel de Barros não se oporia a inscrever na lápide de seu personagem Bernardo os dois versos do colega Mário Quintana.

Apesar dos tantos já dedicados a ele, Bernardo da Mata, figura que lhe acompanhou em obras como Livro de Pré-Coisas (1985) e O Guardador de Águas (1986), a criatura que se inventava "como a foz de um rio" faleceu mês passado, pouco antes de seu criador completar 95 anos, no início da semana.

E se foi como um passarinho, como poetiza o autor em Escritos em Verbal de Ave (LeYa Brasil, 14 páginas, R$ 34,90): "Deixamos Bernardo de manhã, / em sua sepultura / De tarde o deserto já estava em nós."

As últimas passagens de Bernardo pela bibliografia do poeta mato-grossense foram em Menino do Mato (2010) e nas Poesias Completas (2010).

Com este último volume, Manoel de Barros concorreu ao Jabuti com outros vultos do "ofício do inutensílio", como Adélia Prado e Ferreira Gullar (que acabou conquistando o prêmio depois de 11 anos sem "voar fora da asa").

Na edição em que homenageia Bernardo, Manoel de Barros revela que, além de "encurtar águas", seu amigo também escrevia e passou a vida inteira se procurando sem se achar, pelo que se salvou.

Para que a morte de Bernardo não passasse em branco, Manoel de Barros não só transpôs para o papel o lirismo do finado como também revelou de forma mais lúdica uma faceta particular já conhecida pelos leitores: a de ilustrador.

O 'livro-brinquedo' de Barros, cobiçado por colecionadores e que, na internet, provocou protestos por não ter chegado às livrarias de Campo Grande (MS), onde o poeta reside, ao mesmo tempo que em São Paulo (SP) e no Rio de Janeiro (RS), onde foi lançado, conta com desenhos do poeta, com seu traço infantil.

Nascido em Cuiabá (MS) no dia 19 de dezembro de 1916, Manoel de Barros foi tema do documentário Só Dez Por Cento é Mentira (Brasil, 2008).

No longa-metragem do diretor Pedro Cézar, confessou ter "comprado seu ócio" para manter uma rotina pacata e bucólica que é o alimento perene de sua poesia, sempre atenta à natureza e aos seus detalhes mais prosaicos.

Barros comemorou seus 95 anos na segunda-feira passada com a família em um almoço em sua casa no Jardim dos Estados, na capital sul-mato-grossense.

Com quase três dezenas de livros publicados e outros três filhos: a caçula Marta, de 55 anos, o mais velho Pedro, de 63, e João, cuja memória carrega há cinco anos, desde o seu falecimento, Manoel de Barros se acompanha da esposa Estela, de 90 anos, que é quem se reporta à imprensa sobre o seu estado de saúde.

Ao que tudo indica, com o lançamento de Escritos em Verbal de Ave neste fim de ano, Manoel de Barros se mantém ainda em pleno ócio criativo: lendo, escrevendo, vivendo e, eventualmente, matando e enterrando seus velhos personagens.

Imagem

Jornal da Paraíba

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