VIDA URBANA
Laqueadura é preferência na PB
Entre janeiro a outubro do ano passado, 2.240 mulheres foram submetidas ao método contraceptivo definitivo no Estado.
Publicado em 01/02/2013 às 6:00
Mais laqueaduras e menos vasectomias estão sendo realizadas na Paraíba. É o que revelam estatísticas divulgadas ontem pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). Entre janeiro a outubro do ano passado, 2.240 mulheres foram submetidas ao método contraceptivo definitivo no Estado. Destas, 1.030 realizaram o procedimento após uma cesariana, o que contraria uma recomendação feita pelo Ministério da Saúde. No mesmo período, apenas 246 homens optaram pela vasectomia.
Para a coordenadora de Saúde da Mulher da SES, Fátima Morais, os números são reflexos da resistência dos homens em participar do planejamento familiar. “Isso é uma questão cultural.
Muitos homens acham que o controle sobre o número de filhos é uma responsabilidade apenas da mulher, quando isso deveria ser uma decisão tomada pelo casal”, diz.
“Os homens ainda procuram menos os serviços públicos de saúde, ainda se informam menos e se preocupam menos com o número de filhos que vão ter. A gente percebe que é a mulher ainda a maior interessada em obter os métodos contraceptivos.
Por isso, estamos intensificando as campanhas educativas, para tentar atrair a população masculina também para essa discussão”, completa.
A gestora acrescenta que alguns mitos também afastam os homens das cirurgias esterilizantes. “Muitos pensam que a vasectomia vai causar impotência sexual, por exemplo. Mas isso não é verdade. A cirurgia é simples, rápida e feita com anestesia local e no ambulatório. O paciente vai para casa no mesmo dia.
Enquanto que, no caso da laqueadura, a mulher precisa ficar internada por três dias e sofre mais riscos”, conta.
Já para o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, seção Paraíba, Emerson Medeiros, a pouca quantidade de vasectomias na Paraíba é resultado da escassez dos serviços públicos voltados para a saúde masculina. Ele ressalta, por exemplo, que as vasectomias são realizadas apenas no ambulatório do Hospital Edson Ramalho, em João Pessoa, o que dificulta o acesso por parte de moradores de outras regiões do Estado.
“É uma oferta muito pequena, o que desanima os homens a procurarem o serviço. Até os mitos e a falta de informação sobre a cirurgia são consequências diretas dessa pequena oferta. É preciso que o governo amplie a oferta dos serviços de saúde voltadas para os homens”, observa.
Com experiência de dez anos de atuação na área de urologia, o médico garante que o método esterilizante masculino, a chamada vasectomia, não causa impotência e nem afeta o desempenho sexual.
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