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CULTURA

Fatos à venda em documentário

Jorge Furtado fala sobre 'O Mercado de Notícias', documentário que aborda o papel da imprensa e tem estreia hoje no CinEspaço, em JP.

Publicado em 07/08/2014 às 6:00 | Atualizado em 05/03/2024 às 14:14

Jorge Furtado fala sobre 'O Mercado de Notícias', documentário que aborda o papel da imprensa e tem estreia hoje no CinEspaço, em JP

O que o segundo autor do teatro elizabetano no Século 17 – onde tem seu maior representante o bardo William Shakespeare – tem a ver com a imprensa atual?
A resposta se encontra em O Mercado de Notícias (Brasil, 2014), documentário de Jorge Furtado que estreia a partir desta quinta-feira, com sessões diárias às 19h50, no CinEspaço, em João Pessoa.

Com base na peça homônima escrita por Ben Jonson (1572-1637) em 1625, o filme intercala trechos da comédia sobre o surgimento do jornalismo com depoimentos de renomados profissionais brasileiros sobre o papel da imprensa na construção da opinião pública, seus interesses ideológicos, políticos e econômicos.

“Shakespeare e Jonson eram complementares”, analisa o diretor em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA. “As peças de Shakespeare eram duráveis e eternas e Jonson era um cronista de Londres”.

O dramaturgo era tão ofuscado pela obra do bardo que Jorge Furtado calcula que O Mercado de Notícias não é encenado desde o Século 18 na Inglaterra. “Fiquei impressionado com a atualidade da peça, que já fala da pessoa que quer aparecer, dos financiamentos e das notícias plantadas e mentirosas”.

Junto com Liziane Kugland, Furtado passou três anos para traduzir pela primeira vez a peça para a língua portuguesa. “A peça serviu de pauta para as entrevistas”. Dentre os depoimentos estão nomes como Geneton Moraes Neto, Janio de Freitas, Paulo Moreira Leite e Renata Lo Prete.

O paralelo que o cineasta gaúcho traça entre passado e atualidade está na vivência do universo virtual. “Acompanho a internet desde que surgiu no Brasil. Quando ela começou a crescer muito, já diziam que não teríamos mais jornalistas. Com o surgimento do jornalismo no Século 17, a notícia passou a ser popular. Ela explodiu o equivalente à internet”.

Exemplos atuais como o culto à celebridade e os vícios da notícia já eram detectados por Jonson. “O maior inimigo do jornalismo é o preconceito. Um exemplo relevante que cito é Euclides da Cunha, um sujeito que mudou de opinião depois que foi pessoalmente ver a realidade de Canudos”.

O filme tem um site oficial (www.omercadodenoticias.com.br), onde Jorge Furtado atualiza regularmente. Lá estão a peça e as entrevistas na íntegra, dentre outros tópicos.

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Jornal da Paraíba

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