VIDA URBANA
Passageiros de ônibus vivem rotina de medo, em CG
Sindicato dos Condutores de Veículos Rodoviários estima que ocorram, em média, 20 assaltos por semana na cidade
Publicado em 27/07/2014 às 9:00 | Atualizado em 07/02/2024 às 11:18
Além do estresse, a superlotação e o desconforto de muitas vezes ter que viajar em pé, o medo passou a fazer parte da rotina dos 95 mil usuários do sistema de transporte coletivo em Campina Grande. Somente no ano passado foram registrados 70 boletins de ocorrência, porém a maioria dos motoristas não procura a polícia após os assaltos, conforme estima o sindicato da categoria.
De acordo com dados estatísticos do Sindicato dos Condutores de Veículos Rodoviários e Trabalhadores em Transporte Urbanos de Passageiros de Campina Grande (Simcof), o número de 70 boletins registrados em 2013 não chega a ser nem 1/3 dos assaltos que ocorrem no dia a dia.
Os dados referentes aos assaltos registrados este ano ainda não foram contabilizados, mas, segundo presidente do Simcof, Antonino Macedo, o sindicato chega a receber relatos de até 20 assaltos em apenas uma semana. De acordo com Antonino, as rotas 333, 303, 555 e 505 das linhas Leste Oeste e Grande Circular são as favoritas dos bandidos. A maioria dos assaltos acontece próximo às universidades, em Bodocongó, e no bairro de José Pinheiro.
Segundo Antonino, quando o prejuízo vai até R$ 50, os motoristas não precisam registrar boletim, pois a empresa cobre este valor. Porém se valor roubado for superior a R$ 50, além de registrar a ocorrência, o motorista deve arcar com o prejuízo. “Isso acontece porque a determinação das empresas é que motorista só fique com até R$ 50 em mãos e quando o valor passar ele tem que guardar para evitar grandes prejuízos em assaltos”, explicou o presidente.
O diretor institucional do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Campina Grande (Sitrans), Anchieta Bernadino, disse que as empresas têm feito o trabalho preventivo com a instalação de cofres e câmeras, mas reconhece a dificuldade de inibir este tipo de ação.
“A grande dificuldade nos ônibus é que eles estão sempre em circulação e acabam entrando nas áreas onde os bandidos estão. Os bandidos agem rápido e o máximo que podemos passar para a polícia é o local onde ocorreu o assalto, mas, quando a polícia chega, os bandidos já estão longe.
Infelizmente a polícia não pode estar presente em todos os ônibus”, disse
Sobre as câmeras de segurança, Anchieta disse que elas não inibem a ação dos bandidos. “Os bandidos nem se importam mais com as câmeras. Todos os meses enviamos e-mail para a polícia com as imagens das câmeras, para que investiguem e identifiquem”, frisou Anchieta.
A psicóloga Paula Rasia explica as reações nas vítimas de assaltos. "A reação varia conforme a personalidade de cada um, mas, dependendo da gravidade da situação, há pessoas que ficam mais receosas, com um pensamento obsessivo de que essa situação vai se repetir. Além disso, também é comum nas vítimas de assaltos o sentimento de ansiedade ou até mesmo depressão”. Ela acrescentou que há casos mais graves em que a vítima pode desenvolver a síndrome do pânico. (Especial para o JP)
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