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CULTURA

Desbravando a literatura

Marcelino Freire explica como será a oficina que irá ministrar na próxima semana, em João Pessoa; inscrições ainda estão abertas.

Publicado em 20/02/2015 às 6:00 | Atualizado em 21/02/2024 às 16:17

Um lápis, um papel e uma conversa. Essa combinação rendeu ao pernambucano Marcelino Freire a execução do ‘Quebras’, projeto contemplado pelo Rumos Itaú Cultural que percorre 15 capitais brasileiras. João Pessoa é a sétima cidade a receber a oficina de criação literária, evento que acontece entre segunda e quarta da próxima semana no Espaço Cultural José Lins do Rego.

Após passar por Campo Grande (MS) e Goiânia (GO), Marcelino Freire e o co-produtor e assistente do projeto Jorge Filholini desembarcam na capital paraibana para promover uma conversa com os atuantes da cultura local. O Quebras é uma espécie de mapeamento do que está sendo produzido e dos artistas da literatura brasileira que estão fora do eixo Rio/São Paulo. “Existem algumas cidades conhecidas e muitas não. A minha intenção com o Quebras é expandir a literatura brasileira, é quebrar fronteiras”, conta Freire ao JORNAL DA PARAÍBA.

Atuante nos grandes centros literários do país, Marcelino Freire sentiu a necessidade de conhecer a cena literária de capitais brasileiras por vezes esquecidas. Além da descoberta de escritores e dos tipos de literatura criados em diferentes cidades, a ideia do projeto é promover um encontro entre o pernambucano e o público local, no qual são abordados temas diversos como ritmo, personagens etc. Na verdade, as oficinas são construídas a partir da necessidade do público de cada cidade contemplada, numa “conversa livre e informal”, como descreve o escritor.

Para a oficina que será realizada em João Pessoa, Marcelino informa que, entre os inscritos até agora, há alguns nomes conhecidos, mas a maioria é composta por pessoas que ele nunca ouviu falar, o que não é problema para ele. Ao contrário.

Desbravador de artistas literários que é, o escritor até prefere não conhecer o público. “Não saber quem é, é lindo”, afirma.
A inscrição dos dois primeiros dias pode ser feita pelo e-mail [email protected]. O último dia é aberto ao público, com a apresentação do que foi produzido durante o evento. Tudo gratuito.

Mas o Quebras não atua apenas com a realização das oficinas. Com a ajuda de Filholini, o projeto se expande no universo online através do site www.quebras.com.br, numa espécie de diário sobre a experiência vivenciada em cada capital.

As redes sociais reforçam a divulgação do Quebras, através da página no Facebook, que traz os registros do projeto com fotos e reportagens, e dos perfis no Instagram e Twitter, com publicações em tempo real das oficinas, além do canal do YouTube que apresenta entrevistas realizadas com artistas de cada região e do podcast, com a rádio Quebras.

O produto final do projeto será a publicação de um livro com alguns textos escritos durante as oficinas e os relatos publicados no site. O lançamento está previsto para novembro, na Balada Literária, em São Paulo, evento criado por Marcelino Freire e que, este ano, completa dez anos.

Dinâmico, o escritor continua trabalhando em projetos paralelos ao Quebra. O seu mais recente livro, ‘Nossos Ossos’, vencedor do prêmio Machado de Assis de melhor romance em 2014, vai ganhar os palcos pernambucanos em meados deste ano.

“Acabei de fazer a adaptação teatral do meu romance Nossos Ossos para o Coletivo Angu de Teatro de Pernambuco”, revela.

Confira o relato sobre Goiânia:

Hotel é uma morada, uma residência, um paradeiro, uma habitação. Uma estância, uma arca, um berço.
Para lá nós fomos guiados.
Recebidos no Grande Hotel Goiânia. Lugar centenário da cidade e que hoje funciona como espaço cultural. Um regaço, um ninho, um retiro, um abrigo artístico.
E todo mundo veio chegando.
De todas as edições do Quebras, essa foi a oficina mais lotada, mais dinâmica. Uma juventude cheia de vontade, a começar pelo poeta Kaio Bruno Dias. Ele que, por meio da Secretaria de Cultura, nos abriu as portas da casa.
Era a quarta vez em que eu pisava em Goiânia. E não pisava. Na verdade, retrilhava, cruzava, migrava. Nossos corações, o meu e o do parceiro Jorge Filholini, acolhidos com funda paixão.
Mais do que paixão.
Tudo em Goiânia era dedicação, benquerença, ternura. Para festejar a literatura, ali, como festejamos.
Poetas, contistas, romancistas, músicos. Maciçamente entregues a seu ofício. Feito camelôs, no centro. Montam as suas bancas, quinquilharias, verbos. E seguem, ardentes, cada verso, cada capítulo, linha, parágrafo.
Na terra da música sertaneja, das bandas de rock experimentais, tudo pulsa. E é verdadeiro. E é urgente. É preciso dar uma resposta, rápida, contra a corrente, contra a mesmice. É uma cidade antenada, além.
Repleta de vontade.
Desejo, anseio, gana. Ímpeto, intuito, perseverança. Se tudo está do lado contrário, cada um segue o seu traçado. Por motu proprio, suo motu, ex mero motu.
Juro.
É isso o que notamos: uma energia que não se entrega. Afiada e sincera. Dos jovens poetas aos cronistas mais maduros.
Dos mestres, a exemplo do agitador cultural Carlos Brandão, ao elétrico poeta Walacy Neto. Além dos teimosos rapazes da banda literomusical Chá com Gim.
Todos ávidos, sem exceção, e afins.
Guiados, ao que parece, pela mesma cartilha, tábua, praga. Dicionário.
Aliás, foi em Goiás, mais precisamente em Vila Boa, que nasceu o autor do cultuado “Dicionário Analógico da Língua Portuguesa”. A saber: Francisco Ferreira dos Santos Azevedo.
Quem me chamou a atenção para isto foi a escritora Déborah Gouthier. Ela escreveu uma biografia do “Professor Ferreira”. E toca, na internet, ao lado de mais dois parceiros, um projeto de microcontos, chamado “Diminuto”: www.diminuto.me.
Agradeço. Como agradeci por essa luz que Deborah nos deu. Explico: essa, de não esquecermos do autor do dicionário mais mágico de todos os tempos. Inspiração para grandes artistas como Chico Buarque. E para a feitura, notem, deste meu texto.
Pequeno, modesto, escasso. Se comparado aos becos da terra de Cora Carolina (aproveitamos uma manhã para conhecer pessoalmente a sua antiga casa).
Ave nossa!
Goiânia, notamos, é uma cidade cheia de becos. E de artérias. Um coração gigante. E apaixonado. Podem crer.
Um hotel sempiternamente aberto, pronto para dar.
E para receber.

Imagem

Jornal da Paraíba

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