CULTURA
De malas prontas para voltar à Paraíba, Dani Black fala sobre novo disco
Pupilo de Chico César, cantor volta ao Estado para dois shows, em Campina Grande e João Pessoa, em outubro.
Publicado em 23/09/2015 às 8:00
Da chuva de composições que brotam a todo instante de Dani Black nasceu Dilúvio (LuzAzul/Tratore, R$ 29,90), segundo álbum do jovem cantor e compositor paulista, pupilo de Chico César, a “babysitter” - como eles mesmos brincam - que embalou a infância do futuro músico com belas canções, vastas emoções e pensamentos musicais.
“Ele fala dessa história do babysitter com bastante frequência”, entrega Dani, em entrevista por telefone. “(Chico) ficava tocando pra gente, misturando a gente com musica”. Como se precisasse, já que Dani é filho da cantora Tetê Espínola com o músico Arnaldo Black.
O jovem Black conta que o contato com Chico influenciou bastante o artista que ele é hoje (basta ouvir ‘Seu gosto’, ‘Bem mais’ e a faixa que dá título ao trabalho). “E 17 anos depois, ter rodado com ele, fazendo o mesmo repertório de quando ele tocava pra mim, é aquela volta muito bonita que a vida dá”, comenta Dani, referindo-se à turnê Aos Vivos Agora, que uniu os dois em João Pessoa, em 2013.
Onze faixas autorais, solitariamente assinadas por Dani Black, compõem trabalho pop arrojado, com a safra de letras mais apuradas da temporada. O repertório de Dilúvio foi composto entre o fim do primeiro disco (o homônimo Dani Black, de 2011) e a chegada ao estúdio para depurar o novo trabalho.
“Quando eu vi, só tinha letra e música minha”, reflete, a respeito da seleção que, por acaso, deixou de lado parceiros como Zélia Duncan (cujo encontro com Dani, ‘Só pra lembrar’, Elba Ramalho gravou em seu mais recente disco). “Foi interessante, porque eu tô no momento de explorar essa parte da minha obra em que eu faço tudo junto, letra e música”.
Tendo em mente a força (inclusive metafórica) de um dilúvio, Dani canta o amor, escapulindo dos clichês triviais. “O dilúvio é uma coisa implacável, violenta, furiosa, pesada, forte! Ele tem essa agressividade, só que ao mesmo tempo, a palavra ‘dilúvio’ tem um lirismo, uma poesia, uma delicadeza na metáfora. Então é uma palavra muito grande, por isso eu a escolhi”, justifica.
A escolha deu pano para uma manga que harmoniza música eletrônica com o lirismo das cordas, muito bem colocadas nos arranjos do produtor Conrado Goys que, com a habilidade de um Lulu Santos, combina guitarras e bases com a elegância de violinos e piano.
Para fechar Dilúvio, Dani Black convocou Noé, ou o próprio “Deus”, como ele brinca. Única participação do álbum, Milton Nascimento faz dueto com o anfitrião em ‘Maior’. “Eu sou maior do que era antes / Estou melhor do que era ontem / Eu sou filho do mistério e do silêncio / Somente o tempo vai me revelar quem sou”, diz a letra da canção de Dani Black.
“Somente o tempo: era isso que eu queria falar!”, exclama o músico, para esmiuçar seu raciocínio: “O fim do disco vai jogar na mão do tempo. Pois somente o tempo vai mostrar o crescimento das coisas, a evolução do homem, os caminhos que vai se apresentar. Então vamos fechar esse disco, não frechando, mas abrindo pra vida, pro tempo, pra tudo”.
TURNÊ
Dani Black, que estreou na Paraíba um ano antes de encontrar Chico César em Aos Vivos Agora, no palco do Santa Rosa, em 2012, retorna à Paraíba no mês que vem para dois shows: dia 13 no Teatro Severino Cabral, em Campina Grande, e, dia 15, no Café Empório, em João Pessoa. A cantora paraibana Nathalia Bellar vai abrir ambas as apresentações. Os ingressos começam a ser vendidos no dia 1º de outubro.
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