COTIDIANO
Capital tem mais de 150 homicídios registrados de janeiro até esta terça
Maior parte dos homicídios, 97%, teve como causa o envolvimento das vítimas com drogas, segundo o delegado Marcos Vaasconcelos.
Publicado em 11/08/2010 às 12:30
Valéria Sinésio
Do Jornal da Paraíba
Desde o dia 1º de janeiro deste ano até esta terça-feira (10), 157 pessoas foram assassinadas em João Pessoa. Na manhã desta terça a vítima foi Jefferson dos Santos Borges, 19 anos, conhecido como ‘Coelho. Ele foi abordado por quatro rapazes quando saía de casa para trabalhar. O crime aconteceu na rua Santo Antônio, no Bairro dos Novais’.
Jefferson, que já teria cumprido medida socioeducativa no Centro Educacional do Adolescente (CEA) por assalto, foi atingido com quatro tiros de revólver e morreu antes de receber o socorro da equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Os familiares, que moram a poucos metros do local do crime, ficaram chocados com o assassinato do rapaz. O pai dele disse que o filho vinha recebendo ameaças, mas não soube dizer de quem, nem o motivo. A namorada de Jefferson, que tem apenas 13 anos, confirmou as ameaças e disse que ele usava drogas.
Homicídios
Esse motivo, inclusive, segundo Marcos Vasconcelos, foi a causa de 97% dos homicídios ocorridos na capital. “É a lei do tráfico. Se o viciado compra e não paga, será morto para que sirva de exemplo para os demais”, explicou.
A quantidade de homicídios registrada em João Pessoa (157) segundo o delegado, apesar de ser preocupante, “está dentro da média”. Ele comparou a capital do Estado com o município de Patos, que possui população bem menor e já registra quase 100 homicídios este ano. “Com um trabalho em conjunto, acredito que podemos reduzir esses números”, explicou. “É matando que o traficante terá moral em sua localidade e na ‘boca de fumo’”, completou Vasconcelos.
A expectativa é que a Delegacia de Repressão a Entorpecentes seja reformulada para que tenha mais estrutura para o combate ao tráfico de drogas. “Se conseguirmos reduzir as ‘bocas de fumo’ e coibir a venda de drogas na cidade, certamente teremos menos homicídios, pois os crimes estão interligados”, afirmou. De todos os homicídios ocorridos em João Pessoa, apenas cinco, de acordo com Vasconcelos, não tiveram ligação com drogas.
Investigação
O trabalho de investigação dos agentes começa ainda no local do crime, quando o delegado conversa – informalmente – com familiares, vizinhos e curiosos. “Essa forma de trabalhar tem mostrado resultado positivo para a polícia”, destacou.
Em relação ao homicídio do bairro dos Novais, a suspeita é que a autoria seja de um grupo liderado por um homem conhecido como ‘Cruel’.
O delegado Marcos Vasconcelos também revelou o andamento da investigação do duplo homicídio ocorrido no bairro de Mandacaru, na última segunda-feira (9). Segundo ele, Terezinha Ribeiro dos Santos, de 52 anos, e Rosemary Farias da Silva, 21, seriam usuárias de drogas e, descumpriram a lei do tráfico. “Já sabemos quem matou as duas e descobrimos que, mais uma vez, a causa foi a droga”, relatou.
O delegado informou que, desde o dia 14 de junho, 80% dos crimes tiveram a autoria identificada pela polícia. Porém, na maioria dos casos não há prisão porque faltam testemunhas. “Para indiciar alguém, precisamos que uma testemunha assuma o que sabe”, declarou.
Denúncias
Desde esse tempo, também, foi implantado o plantão de 24 horas. A polícia garante que a identidade é preservada. Denúncias podem ser feitas através dos telefones 147 (ligação gratuita), 3218-5793 (delegacia) ou ainda 8839-1172 (delegado de plantão).
O Jornal da Paraíba solicitou, há uma semana, à assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança e Defesa Social, as estatísticas de assassinatos registrados este ano no Estado. Porém, ainda não recebeu resposta.
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