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CULTURA

Fotografia da PB iluminada

Fotógrafo paraibano Gustavo Moura lança nesta quinta-feira (22) na Casa de Artes Visuais o projeto 'Fotografia Paraibana Revista'.

Publicado em 22/08/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 16:10

“Desde o início da minha vida profissional com a fotografia sempre me preocupei com a ação coletiva, criando acessibilidade e trazendo conhecimento para as pessoas”, conta o paraibano Gustavo Moura, idealizador do projeto Fotografia Paraibana Revista, que será lançado nesta quinta-feira, a partir das 19h30, na Casa de Artes Visuais (CAV), em João Pessoa.

Ganhador do prêmio Funarte Marc Ferrez, a riqueza da fotografia documental do Estado é resgatada através de uma revista gratuita que reúne ensaios produzidos a partir da década de 1950 até os dias atuais, além de um apanhado histórico do tema desde seu surgimento na Paraíba, em 1850, assinado pelo pesquisador e professor da UFPB Bertrand Lira.

“Ao longo desses anos percebi o quanto a fotografia paraibana – no que diz respeito aos autorais – é grandiosa e densa”, aponta Moura. “As pessoas não têm a noção de tal grandeza, inclusive os paraibanos que não trabalham aqui e fizeram seu nome fora. Estamos trazendo esse cenário nacional à luz”.

Um exemplo é o fotógrafo Alberto Ferreira, morto em 2007 aos 75 anos e considerado por especialistas um dos melhores do mundo em coberturas esportivas. Dentre seus cliques, um dos mais conhecidos é a premiada foto da bicicleta do ‘Rei’ Pelé em um jogo contra a Bélgica, em 1965.

Em paralelo ao lançamento da Fotografia Paraibana Revista, será aberta a primeira exposição de Alberto Ferreira no Estado, intitulada Muito Além da Bicicleta, que ficará na CAV até o dia 4 de outubro.

De acordo com Gustavo Moura e como o título já revela, a mostra terá outros registros do paraibano natural de Alagoa Grande além das suas fotos esportivas. São eventos importantes que passaram pelas lentes de Ferreira nos anos 1950 e 1960, como a construção e inauguração de Brasília e o funeral do senador estadunidense Bob Kennedy.

O vernissage de hoje à noite contará com a presença do filho do fotógrafo, Carlos Ferreira, que fará um breve panorama da carreira do paraibano. “A exposição é um pequeno ensaio sobre a nossa história, a história do país”, afirma Gustavo Moura.

S.O.S BITTENCOURT

Nas páginas da Fotografia Paraibana Revista, um apanhado da produção de nomes como Walter Carvalho, Hudson Azevedo, Severino Silva, Roberto Coura, Antônio David, Dayse Euzébio, Antônio Augusto Fontes, Reginaldo Marinho, Roberto Guedes, Marcus Antonius, Wênio Pinheiro e João Lobo, entre outros.

A maioria dos autores é conhecida, mas há nomes que são esquecidos pelas pessoas frente ao seu importante trabalho fotográfico. Um exemplo apontado por Gustavo Moura é Severino Silva, que desenvolve um acervo dos mais prestigiados no registro das comunidades pacificadas do Rio de Janeiro.

“Evidente que nunca tive a pretensão de abranger todo mundo”, analisa Gustavo Moura, que ainda conseguiu estender a revista de 60 a 80 páginas. “É impraticável mostrar todo mundo. Há pessoas que deveriam estar no projeto, mas fui impedido de alguma forma de colocá-los, não querendo entrar neste discurso rançoso, já que este é um momento de celebração”.

O idealizador e coordenador do projeto explica que a pontuação dos profissionais que pontuaram a história da fotografia documental e jornalística dos anos 1950 até os dias atuais são colocadas na revista em ordem alfabética, mas também quase se assemelha com a cronológica por coincidência.

Dentre os nomes que configuram o panorama na Fotografia Paraibana Revista, existe o de Machado Bittencourt (1942-1999), cujo vasto acervo fotográfico e audiovisual foi recentemente transferido para a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande, mas ainda corre perigo de se perder devido ao tempo, segundo Gustavo Moura. “Se não for feito nada agora, uma boa parte irá se perder”, avisa. “O estado de deterioração está muito grande e avançado. Devemos ter uma ação rápida para salvá-lo”.

“Machado talvez seja o único não-nascido na Paraíba que está presente na revista”, puxa pela memória. “Mas a história do piauiense foi feita aqui”.

De acordo com o idealizador, será feita uma tiragem de mil exemplares da revista para distribuição gratuita em bibliotecas públicas, escolas, instituições culturais, universidades, museus, galerias de arte, entre outros.

Imagem

Jornal da Paraíba

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