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COTIDIANO

Prefeitos embolsam mais de R$ 60 milhões na Paraíba

Escutas telefônicas comprovaram envolvimento de prefeitos e mostraram como funcionava esquema.

Publicado em 30/07/2012 às 7:28

O Fantástico mostrou no domingo (29) como atuavam os prefeitos envolvidos nas fraudes em eventos para desviar verbas públicas na Paraíba que foram detidos em uma operação no fim do mês de junho. Escutas telefônicas provaram a participação dos políticos no esquema que desviou cerca de R$ 65 milhões durante quatro anos, segundo a Polícia Federal.

Durante a operação do Ministério Público da Paraíba, a Controladoria Geral da União e a Polícia Federal, os prefeitos de Sapé, Solânea e Alhandra foram presos. Passada as primeiras investigações, eles foram libertados, afastados dos cargos públicos e reassumiram novamente as prefeituras. Porém, o Fantástico mostrou as provas colhidas durante as investigações que provam o superfaturamento de festas como Carnaval e São João.

Assista à reportagem do Fantástico.

De acordo com o MP, os prefeitos eram responsáveis por fraudar os contratos para que empresas de amigos conseguissem realizar os serviços. Algumas empresas de fachada foram desvendadas. Elas funcionavam em endereços falsos que eram na verdade residências de famílias muito pobres. Uma dessas empresas funcionava em um casebre alugado, mas recebeu R$ 14,5 milhões.

A PF acredita que, além das 30 cidades paraibanas, a quadrilha funcionava em mais três estados do Nordeste. Ao todo, 27 pessoas foram presas na operação denpminada Pão e Circo, mas todas receberam o direito de responder em liberdade.

Na prática as empresas só existiam no papel. O endereço de todas era falso. Segundo o Ministério Público, prefeitos e empresários se uniam para combinar o valor do desvio. "Quanto é a banda? A banda é R$ 30 mil, então vamos cobrar R$ 150 mil", explicou o procurador-geral de Justiça da Paraíba, Oswaldo Trigueiro.

As escutas mostraram que em Solânea era o filho do prefeito quem negociava com as empresas qual seria o valor desviado. Em Alhandra, foi o patrimônio do prefeito que chamou a atenção da polícia. Ele declarou R$ 189 mil, mas tem uma casa de alto padrão em João Pessoa que custa R$ 1,5 milhão. Segundo a PF, ele também teria dado um cartão de crédito da prefeitura a uma amiga sem limite de gastos. Carros de luxo foram apreendidos.

Em Sapé, a polícia diz ter provas de que o pagamento das produtoras ficavam com o prefeito, pois os cheques foram localizados na casa dele. Em outra ligação, a esposa do prefeito negocia a venda de camarotes da festa e a PF informou que o pagamento desses camarotes ficavam com ela. O prefeito João Clemente Neto (DEM) disse que o cheque era para fazer o despacho normalmente, que ele iria repassar ao empresário e negou que a esposa ficasse com o dinheiro da venda dos camarotes. O MP acredita que pelo menos 40 tenham sido comercializados e alguns custavam até R$ 2 mil.

Os outros dois prefeitos falaram através de advogados, que negaram as denúncias. Os bens de todos os prefeitos envolvidos foram bloqueados pela Justiça. O Ministério Público Estadual pediu o afastamento dos três prefeitos, o que ainda não foi julgado. Até o fim do processo, eles não receberão repasses do governo federal. O Ministério Público, que financiou parte das festas das cidades informou que novos recursos estão suspensos. Além disso, os prefeitos podem ser obrigados a devolver o dinheiro que, segundo a investigação, foi desviado.

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Jornal da Paraíba

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