ECONOMIA
Mercado e clientes se manifestam contra novas regras da Caixa
Desaquecimento no mercado é prevista e consumidor final pode pagar a conta das obras de pavimentação e saneamento que estão sendo exigidas pela Caixa.
Publicado em 16/02/2011 às 17:52
Da Redação
As novas exigências da Caixa Econômica Federal para os financiamentos do programa “Minha Casa, Minha Vida” vêm sendo recebidas pelos construtores e corretores, com polêmica, principalmente em relação ao imediatismo da aplicação das regras. No fim da tarde desta quarta-feira (16), será feita uma reunião entre construtores de João Pessoa, no Busto de Tamandaré, para discutir as novas medidas e decidir os rumos que serão tomados.
Segundo o construtor Carlos César Coelho, a mudança é válida, mas os construtores que iniciaram suas obras de acordo com as normas anteriores da CEF não deveriam ser prejudicados. “Sou a favor de qualquer mudança que seja para melhorar a infraestrutura da cidade, mas essas medidas forçam os construtores a fazer o que é dever do setor público”, reivindicou.
O corretor de imóveis Júnior Dantas disse que as únicas soluções para quem já tem obras em andamento em locais que não se encaixam nas novas regras é fazer com a que a construtora realize as obras necessárias ou desistir de adquirir a nova construção.
Carlos explicou que as construtoras serão obrigadas a pavimentar as ruas e realizar obras de saneamento porque não têm previsão para que a Prefeitura os faça em todos os pontos necessários. E quem vai pagar a conta final é o cliente. “Os clientes que já estão com os contratos assinados não vão pagar nada a mais pelas obras, mas, nos próximos casos, o valor vai ser cobrado do consumidor final”, afirmou o construtor.
O caminhoneiro Israel Eduardo da Silva Filho já deu entrada na sua casa há quase 8 meses e já está impaciente com a situação. “Eu trabalho em Esperança e só estou esperando minha casa sair para ser transferido para João Pessoa. Será que eu vou ter que morar de aluguel depois de todo esse tempo?”, questionou.
A rua de Israel, em um loteamento próximo à Praia do Sol, não tem pavimentação, nem esgoto e ainda enfrentou problemas com fossa. Mesmo depois de ter os problemas solucionados, sua solicitação foi bloqueada pelas novas regras. “Não posso pegar o dinheiro da entrada de volta senão vou perder todo esse tempo, acho que não tenho muita sorte”, lamentou.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon-JP), Irenaldo Quintans, já garantiu que vai trabalhar para que haja uma flexibilização nas regras para as obras já que haviam sido encaminhadas, para que não ocorra uma mudança brusca.
Mercado
Com os preço das obras de pavimentação e saneamento agregados ao valor final da construção, o mercado ficará desaquecido pela baixa procura. Júnior Dantas prevê uma “parada grande nas vendas”. “Essas medidas vão afetar principalmente as construtoras pequenas e os corretores”, garantiu o corretor de imóveis.
Carlos César Coelho garante, ainda, que não será apenas a construção civil que será prejudicada. “De imediato, direta e indiretamente, sofrerão as consequências o comércio, representado pelas lojas de materiais de construção, os clientes, os corretores, e inclusive o desemprego irá aumentar”, aponta o construtor, que, com as novas normas, já teve que dispensar 12 membros de sua equipe.
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