CULTURA
Luz, câmera e 'oxente'!
Entre os dez filmes mais vistos do Brasil, comédia 'Cine Holliúdy' estreia nesta sexta-feira (30) em todos os cinemas paraibanos.
Publicado em 30/08/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 16:54
“Os filmes americanos estão com medo de entrar no circuito”, revela o diretor Halder Gomes ao JORNAL DA PARAÍBA, “Cine Holliúdy traz junto o peso de bater o Titanic no Ceará!”
O longa-metragem nacional não só foi o ‘iceberg’ derrubando a bilheteria da produção de James Cameron, como também abateu, em média de ocupação das salas cearenses, outro filme do diretor canadense, Avatar, além dos sucessos nacionais como Tropa de Elite 2.
A partir desta sexta-feira, todos os cinemas de João Pessoa e Campina Grande vão estrear esse novo fenômeno vindo do Ceará, que atraiu cerca de 23 mil pessoas só no fim de semana de estreia na sua terra e que agora já ultrapassou mais de 100 mil espectadores apenas em Fortaleza, ficando entre os dez filmes mais vistos do Brasil.
A comédia narra a saga de Francisgleydisson (vivido pelo ator Edmilson Filho), um apaixonado pela Sétima Arte que resolve produzir e difundir seus filmes de artes marciais no interior do Ceará dos anos 1970, onde a popularização da TV afastou as pessoas da "magia do cinema". “A curva dramática da história passa pelo tema de superação”, avisa o diretor.
Para manter acesa a luz das salas de projeção, o personagem produz "películas de karatê" e exibições mambembes em pequenas cidades. O Nordeste ganha seu Cinema Paradiso caboclo, promovendo a dicotomia entre a reação do público do filme com as produções amadoras do personagem principal.
“Cine Holliúdy foi elaborado dos pontos de vista desses dois mundos: de quem faz e de quem assiste”, afirma Gomes.
O realizador foi buscar inspiração para a comédia nas memórias do dia a dia. “É um olhar muito particular que eu vivi no mundo do cinema com as artes marciais”, relembra Halder Gomes, que também acumula as funções roteirista e produtor. “A metáfora da necessidade de fazer o cinema de baixo orçamento é uma mistura de criador e criatura”.
Convergindo ficção e realidade, foi no tatame que o ator Edmilson Filho encontrou seu mestre antes de ocupar os sets de filmagens. Há 20 anos, ele era aluno de Taekwondo do professor Halder. “O Taekwondo foi a minha porta de entrada para fazer filmes”, fala o diretor.
‘CEARENSÊS’
A ideia do filme surgiu depois do lançamento do premiado curta-metragem Cine Holiúdy - O Astista Contra o Cabra do Mal (2004), estrelado pelo mesmo Edmilson Filho e sensação em vários festivais do país e do mundo.
Halder Gomes – que já dirigiu a cinebiografia do espírita Bezerra de Menezes (2008), a ficção científica Área Q e o drama As Mães de Chico Xavier (ambos lançados em 2011) – estendeu, aprofundou o roteiro e adicionou mais personagens para dar mais consistência no rendimento de um longa. “Um filme de baixo orçamento não quer dizer baixa qualidade”, avisa o cineasta. “É apenas a limitação que eu tenho, mas o grande diferencial de Cine Holiúdy é a criatividade”.
Outro diferencial da produção é a presença da legenda em português para legitimar o autêntico ‘cearensês’. No decorrer das prosas dos personagens com o típico sotaque nordestino, uma verdadeira aula de neologismos regionais. Expressões como ‘bife do olhão’, ‘arretado’, ‘moléstia’, ‘espelicute’ e ‘cangapé’ enriquecem o dicionário ‘Holiúdyano’.
“A legenda só é para facilitar a compreensão de quem não é nordestino. Minha preocupação era de fazer um filme que tenha a realidade nossa, regional, autêntico e verdadeiro", comenta, "sem aquele tom de voz de apresentador de telejornal”.
O elenco de Cine Holiúdy é composto por nomes como Miriam Freeland (A Orelha de Van Gogh), Roberto Bomtempo (Dois Perdidos Numa Noite Suja), Jesuíta Barbosa (Tatuagem), o garoto estreante Joel Gomes e o cantor Falcão no papel de um cego.
Além da Paraíba, o fenômeno ‘joiado’ do cinema nacional amplia seu circuito em mais oito cidades do Nordeste e Norte: Manaus, Belém, Salvador, São Luís, Recife, Teresina, Natal e Aracaju.
“Chaplin ficaria de boca aberta”, postou no seu Twitter oficial o renomado diretor Fernando Meirelles (Cidade de Deus), elogiando a sequência final do filme. “O Brasil não vê um comediante popular assim desde Oscarito”, disse.
FILME NACIONAL EM CARNE, OSSO E 3D
Luiz Fernando Guimarães protagoniza o primeiro longa brasileiro ‘em carne e osso’ rodado em 3D: Se Puder...Dirija! (Brasil, 2013), que estreia em João Pessoa e Campina Grande a partir de hoje.
O filme acompanha a vida de um manobrista chamado João (Guimarães). Pai ausente, ele precisa fugir do trabalho e ir se encontrar com o filho (Gabriel Palhares), pois havia prometido à ex-mulher (Lavínia Vlasak) passar o dia com ele.
A solução é pegar o carro de uma fiel e importante cliente (Bárbara Paz) sem que a dona do veículo saiba. O que parecia ser um plano perfeito torna-se uma verdadeira odisseia para o protagonista.
O longa ainda conta com Leandro Hassum, Reynaldo Gianecchini e Eri Johnson no elenco.
Fechando as estreias, uma terceira comédia chega aos cinemas paraibanos, mas desta vez é ‘made in Hollywood’. Os Estagiários (The Internship, EUA, 2013) mostra dois homens na casa dos 40 anos (Owen Wilson e Vince Vaughn) procurando por emprego.
Com conhecimento ‘zero’ em mídias digitais, eles são contratados como estagiários em uma grande empresa de produtos eletrônicos, onde convivem com chefes muito mais novos.
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