COTIDIANO
Paraguai passa por crise política
Confronto armado que deixou seis policiais e onze camponeses mortos foi o estopim da crise que pode resultar no afastamento do presidente.
Publicado em 22/06/2012 às 6:00
O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, anunciou ontem que não renunciará e que irá se submeter a um julgamento político de destituição aprovado pelo Congresso, após um confronto armado que deixou seis policiais e 11 camponeses mortos na sexta-feira passada.
"Este presidente não vai apresentar renúncia ao cargo e se submete com absoluta obediência à Constituição e às leis para enfrentar o julgamento político com todas as suas consequências", afirmou Lugo em uma mensagem à nação.
"Denuncio ante o povo que sua vontade está sendo alvo de um ataque sem misericórdia de setores que sempre se opuseram à mudança para que o povo seja protagonista de sua democracia", manifestou o presidente.
Lugo acusou os congressistas de terem abandonado a mesura, a reflexão e de levar "a tambor batente" o julgamento para sua destituição.
Também afirmou que os opositores "querem roubar a suprema decisão do povo" que o escolheu na eleição de 20 de abril de 2008.
Lugo fez a declaração à nação poucos minutos depois de a Câmara dos Deputados ter aprovado, quase por unanimidade, o julgamento político contra o presidente, acusado de mau desempenho de suas funções.
Conflitos
O episódio forçou a saída do ministro do Interior, Carlos Filizzola, e do comandante da polícia, Paulino Rojas, que deixaram seus cargos pressionados pelo Congresso.
O dirigente rural José Rodríguez afirmou a uma emissora de rádio local que os camponeses que morreram no confronto faziam parte de um grupo que resolveu resistir à desapropriação.
"São camponeses humildes que decidiram tomar essa decisão lamentavelmente", afirmou.
Mas a promotora Ninfa Aguilar declarou que o grupo tinha treinamento militar, armas de guerra e bombas caseiras.
"Estão vestidos com roupa militar prepararam trincheiras, bombas, tinha tudo preparado para combater. Não são simplesmente camponeses, estavam preparados para o enfrentamento", garantiu.
Ela não descartou a presença do EPP, um pequeno grupo radical responsável por sequestros e assassinatos durante a última década que opera no norte do país e aspira se converter em uma guerrilha.
A reforma agrária era uma das prioridades do governo de Lugo, mas o mandatário teve dificuldades para aproximar posições entre as organizações camponesas e os proprietários.
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