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CULTURA

A mulher que viveu paixões

História da professora e poetisa paraibana Anayde Beiriz, ganha versão em quadrinhos, assinada pela quadrinista Luyse Costa.

Publicado em 31/07/2012 às 6:00


A paraibana Anayde Beiriz (1905-1930) tem seu nome ligado como um cordão umbilical à História por causa do seu envolvimento com o advogado e jornalista João Dantas, algoz do presidente da Paraíba João Pessoa, então candidato a vice-presidente da República e estopim da Revolução de 1930.

A professora e poetisa, vencedora de um concurso de beleza e que tinha o apelido de 'a pantera dos olhos dormentes' no círculo de amigos, vai ganhar uma versão em quadrinhos assinada pela conterrânea Luyse Costa.

"Ela não estava a frente do seu tempo", observa a ilustradora e quadrinista. "Ela viveu o seu tempo. A Paraíba é que estava atrasada."

Aprovado pelo Fundo Municipal de Cultura (FMC), o álbum intitulado Anayde Beiriz: Uma Biografia em Quadrinhos tem previsão de lançamento para o mês de dezembro. A ideia veio pela autora querer focar uma personagem paraibana no seu Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura Plena em História, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), defendido no ano passado. Fazer em forma de quadrinhos serviu a máxima de "unir o útil ao agradável."

De acordo com Luyse, o álbum procura não só manter a chama da memória de Anayde Beiriz acesa, como também pretende lançar uma nova perspectiva na personagem: "quando lembrada, ela foi vista de maneira distorcida e até mesmo vulgar."

A história em quadrinhos tem objetivo de "direcionar o olhar para aquela que era movida por paixões, que não teve medo de enfrentar o conservadorismo local, nem de pautar sua vida por regras próprias."

AMAR DEPRESSA
Luyse Costa optou por não usar balões ou diálogos na obra para delimitar melhor a pesquisa da época, não se atendo na 'naturalidade' vocabular dos anos 1920. Por isso, o álbum tem narração em terceira pessoa, baseado em documentos e livros sobre a paraibana.

"Pesquisei o diário e as cartas dela antes de João Dantas", relembra, pesquisando também em um caderninho que as moças escreviam em coletivo, as passagens dela baseada na sua caligrafia.

Muitos desses pensamentos servem como epígrafes entre cada capítulo. "'Amar depressa, esquecer devagar' é a frase dela que mais gosto", comenta. "Anayde era uma pessoa muito intensa.

Quero mostrar esse seu lado passional antes da história envolvendo João Pessoa."

Para a edição financiada pelo FMC, a ilustradora promete "melhorar o roteiro", retirando as notas de rodapé para ser adicionado na narrativa, como também fazer entrevistas com a sobrinha de Anayde, Ialmita Beiriz, visando aprofundar mais a personagem.

Imagem

Jornal da Paraíba

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