CULTURA
Um passeio instrumental
Músico carioca Milton Dornellas lança nesta terça-feira (3) em João Pessoa o disco 'Bom Mesmo é a Gargalhada no Final.'
Publicado em 03/07/2012 às 6:00
Foi de uma lição do colega Pedro Osmar que o carioca Milton Dornellas extraiu o título do seu novo CD, o independente Bom Mesmo é a Gargalhada no Final, que lança nesta terça-feira, em João Pessoa, a partir das 19h, no auditório da Estação Cabo Branco, com entrada gratuita.
“Eu e o Pedro Osmar, a gente conversa bastante e ele tem ótimas tiradas. Então dia desses, ele estava dizendo que, apesar das dificuldades da vida, o bom mesmo é a gargalhada no final.
Ou seja, vale a pena viver a vida, cumprir as tarefas e, ao final, saber que há uma satisfação nisso tudo”, explica Milton, um dos fundadores do Musiclube da Paraíba.
Dentro desse raciocínio, pode-se dizer que Bom Mesmo é a Gargalhada no Final é a trilha-sonora de uma vida, embora não tenha contornos biográficos. Quase inteiramente um disco instrumental, o novo álbum de Milton Dornellas é um passeio bucólico por uma estrada acústica, pontuada por violões de aço e sanfona, uma sanfona nostálgica, que nada tem a ver com forró, mas com um belo entardecer no interior.
A música instrumental é novidade na carreira de Milton, conhecido pela poesia que imprime em suas canções. Desta vez, apenas três, das oito faixas do CD, levam letra. “É um exercício que eu estou inaugurando neste disco”, responde o músico a respeito das faixas instrumentais. “Eu sempre ouvi muita música instrumental em casa e sempre admirei como as pessoas realizavam aquelas melodias incríveis, construíam as harmonias e compunham essas músicas maravilhosas”.
Milton continua: “Passei a perceber que as letras versavam sempre sobre os mesmos temas, sobre amor, paisagens, relações sociais... o que muda, geralmente, são os argumentos, enquanto a música instrumental é mais larga, mais profunda, cada pessoa pode ter uma interpretação diferente”.
Dessa naipe saíram ‘Abismo’, de bela harmonia, conduzida apenas por um solfejar melódico, a tocante ‘Frei Tito’ e ‘Capeta Jr.’, um dueto entre o violão de aço de Mercelo Macedo e a sanfona de Helinho Medeiros.
Praça Rio Branco, palco do projeto ‘Sabadinho Bom’, inspira a faixa de mesmo nome e, ao ouvi-la, é possível imaginar um sossegado final de tarde de domingo, com sol ainda morno e pouca gente a passear pelo Centro da cidade.
O músico carioca, que desde 1973 escolheu a Paraíba como lar, diz que essa vertente instrumental se constitui uma “obra aberta”.
“Está aí para quem quiser colocar um texto, usar como trilha de projeção visual, etc.”, avisa Milton.
Mas as canções também estão lá. ‘Encanto’, faixa que abre o CD, é rica na melodia e traz a bela poesia que pinta a paisagem bucólica que Milton Dornellas costuma visitar vez ou outra. Com pegada mais pop e forrada com uma batida eletrônica, ‘Jaborandi’ é uma reflexão sobre a vida, enquanto a faixa-título, a última do CD, é azeitada no pop, com solos de ‘steel guitar’ e a mensagem otimista de que o bom mesmo é a gargalhada no final.
Equilibrando-se entre algumas das melhores canções de Milton e no promissor exercício da composição instrumental, Bom Mesmo é a Gargalhada no Final é um dos mais belos discos paraibanos do ano.
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