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CULTURA

A música sofisticada de Edu Lobo

Edu Lobo comemora cinquentenário artístico e 70º aniversário com dois shows e gravação de DVD no Rio de Janeiro e São Paulo.

Publicado em 29/08/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 16:54

“O que é música?”, perguntava-se Aldir Blanc. “Eu tenho uma definição pessoal, simples, porém sincera: música é o que Edu Lobo faz”, respondia retoricamente o cantor e compositor carioca, parceiro do conterrâneo Edu Lobo em canções como ‘Ave rara’ e ‘Sem pecado’. Blanc define bem a importância de Eduardo de Góes Lobo, que nesta quinta-feira chega aos 70 anos.

Ao redefinir o samba-canção clássico com a sofisticação da bossa nova e abraçar elementos da cultura nordestina como nenhum outro carioca, Edu Lobo abriu novos caminhos para a música brasileira a partir dos anos 1960, quando passou a se destacar nos festivais da canção – é dele, por exemplo, a famosa ‘Arrastão’, música sua e de Vinícius de Moraes que projetou a cantora Elis Regina.

Abençoado por Vinícius e Tom Jobim, Edu tem colecionado poucas, mas boas parcerias ao longo de 50 anos de carreira: Chico Buarque, Ronaldo Bastos, Cacaso, Torquato Neto, Abel Silva, Capinan e o próprio Aldir Blanc, entre outros.

Seu cinquentenário artístico, atrelado aos 70 anos, será celebrado com dois shows. O primeiro será hoje, dia do aniversário, no belo Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Sob a direção do jornalista Hugo Sukman, um profundo conhecedor da obra do músico, o espetáculo se propõe a ser uma “biografia musical”, na qual não faltarão canções emblemáticas como ‘Zambi’, ‘Upa neguinho’, ‘Beatriz’ e ‘Choro bandido’.

“O público não gosta de ouvir o que não conhece. Escolhemos músicas que eles pudessem se identificar”, comentou Edu sobre o show de logo mais, que terá participação de Chico Buarque, Bena Lobo, Maria Bethânia e Mônica Salmaso, além do seu velho companheiro de palco e estúdio, o pianista Cristovão Bastos.

A apresentação, informa a assessoria do cantor, compositor e arranjador, será gravada para ser lançada posteriormente em DVD.

Em setembro, no dia 13, São Paulo assiste a reprise do show, dessa vez sem Chico e Bethânia, mas com o mesmo time notável de músicos – além do maestro Cristovão, há Carlos Malta (flautas e saxes), Jorge Helder (baixo acústico), Jurim Moreira (bateria), Lula Galvão (violão) e Mingo Araújo (percussão), mais uma orquestra de cordas.

DISCOGRAFIA

Assim como Caetano, Chico, Gil, Elis, Paulinho da Viola, Ney Matrogrosso, Marcos Valle e Gal Costa, Edu Lobo já deveria ter sua discografia reeditada e disponível nas lojas, físicas e virtuais. Essas reedições, no entanto, vão surgindo a conta-gotas.

Esta semana, na esteira dos 70 anos do músico, chega às lojas um pacote da série ‘Tons’, da Universal Music, com dois grandes discos de Edu Lobo - Camaleão (1978) e Tempo Presente (1980) -, ambos lançados originalmente pela Philips.

Camaleão traz Edu Lobo na boa companhia de Cristovão Bastos e Wagner Tiso (ambos ao piano), do saudoso clarinetista Paulo Moura, do violonista Dori Caymmi, além dos grupos vocais Boca Livre e MP4, que se revezam em glorioso repertório de dez faixas.

O título – Camaleão – define o tom do disco, que teve tanto a direção musical, quanto os arranjos feitos por Edu. Aqui ele passeia pelo samba-canção (‘Coração noturno’), pelo baião (‘Camaleão’), pela toada (‘Sanha de mandinga’) e pelo choro (‘Bate-boca’, instrumental) e ainda entrega duas jóias: ‘Lero-lero’, uma das seis parcerias dele com o mineiro Cacaso no disco, e ‘O trenzinho do caipira’, encontro da clássica obra de Heitor Villa-Lobos com os versos de Ferreira Gullar.

As mulheres parecem estabelecer uma conexão entre os dois álbuns, afinal se Camaleão termina com os vocais de Wanda Lobo na épica ‘Marta saré’, Tempo Presente começa com Joyce (hoje, Joyce Moreno) cantando com Edu e o grupo vocal Viva Voz a canção ‘Rei posto, rei morto’, dele e dela.

Mais linear que Camaleão, Tempo Presente é banhado pela sofisticação que marca a obra de Edu Lobo. Além Joyce (que também assina com ele a faixa-título), o CD conta com a participação de Dori Caymmi (‘Desenredo’) e novamente o Boca Livre, presente no já clássico frevo ‘Angu de caroço’, outra parceria entre Edu e Cacaso, que ainda rende ‘Dono do lugar’, ‘Quase sempre’ e ‘Ilha rosa’ no disco.

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Jornal da Paraíba

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