CULTURA
Dolores Duran é homenageada em musical na capital
Cantora da Era de Ouro das rádios que é homenageada em montagem com sessão única em João Pessoa, às 20h, no Teatro Santa Roza.
Publicado em 27/10/2011 às 6:39
Foi a biografia de Renato Russo, uma das inspirações de Vladimir Carvalho para o seu Rock em Brasília (Brasil, 2011), ainda nas salas de cinema, que rendeu o primeiro de uma leva de espetáculos teatrais que têm ícones da música brasileira como protagonistas.
Foi assim também com Tim Maia, que teve sua história adaptada para os palcos em uma peça em cartaz mês passado, em Recife (PE), e é assim com Dolores Duran (1930-1959), cantora da Era de Ouro das rádios que é homenageada em montagem com sessão única em João Pessoa, hoje, às 20h, no Teatro Santa Roza.
Dolores, musical produzido e dirigido por um grupo de artistas potiguares, não só presta tributo a quem deu voz a clássicos como 'A noite do meu bem' e 'Fim de caso'. É também um testemunho póstumo de sua relação com o jornalista pernambucano Antônio Maria (1921-1964), que escreveu que a amiga “falou de sentimentos como ninguém, em todas as línguas. Seu idioma era o amor!”.
Tanto foi assim que, em passagem pelo Rio de Janeiro, Ella Fitzgerald (1917-1996) visitou a boate Baccarat, futuro templo da bossa nova, e ao ver Dolores cantando 'My funny valentine', um dos standarts de jazz que coleciona maior número de versões registradas internacionalmente, comentou que aquela era a melhor que já ouvira em toda a sua carreira.
OUTRAS PONTES
Baseada em um texto do dramaturgo Paulo Pontes (Brasileiro: Profissão Esperança, encenado no início de sua trajetória no teatro, com Paulo Gracindo e Clara Nunes no elenco), a peça é, por conseguinte, uma celebração ao co-autor de Gota d'Água (1975), obra assinada com Chico Buarque.
O fascínio exercido por aquele, um dos primeiros textos de Pontes, foi o que levou Isaque Galvão a topar o desafio de contracenar com uma Dolores Duran que ganhou o perfil da atriz e cantora Cláudia Magalhães.
Galvão era fã de Dolores e, pesquisando sua discografia, achou o LP de 1974 lançado pela Gravadora Odeon com a trilha sonora do espetáculo cantada ao vivo por Nunes e Gracindo.
O cantor, que já participou da segunda edição do programa 'Ídolos', em 2007, e provocou controvérsias nos jurados com seu vozerão de tenor, dando ares de ópera a uma canção de Luiz Gonzaga (1982-1989), chegou a montar um show baseado no seu fanatismo pela carioca da Piedade.
A esta ideia inicial, agregou-se o roteiro da parceira Cláudia Magalhães, que se propôs a dar vida às emoções da dupla em torno da narrativa que viria a ser dirigida pela coreógrafa Diana Fontes e musicalmente guiada pela experiência da pianista Maria Clara Gonzaga e do maestro, compositor e arranjador Franklin Nogvaes.
Dolores convida o espectador a ouvir um cancioneiro que começou a se destacar a partir de Dolores Duran Viaja (1955), lançado com 'Ningraj manteloj', primeira música cantada no idioma esperanto, e findou em Esse Norte é Minha Sorte (1959), quarto e último álbum de quem deu timbre a nomes como Billy Blanco (1924-2011), falecido este ano.
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