icon search
icon search
home icon Home > cultura
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
Compartilhe o artigo
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
compartilhar artigo

CULTURA

Acossados pelo mercado

Afetadas pela pirataria e pela expansão dos serviços de streaming, poucas locadoras ainda sobrevivem em João Pessoa.

Publicado em 24/11/2013 às 6:00 | Atualizado em 04/05/2023 às 12:13

O advento do Blu-ray fez as videolocadoras vislumbrarem uma luz no fim do túnel de um mercado em crise. No final do mês passado, porém, a rede paulista 2001, que há 31 anos se mantém de pé em um negócio várias vezes declarado 'morto', sofreu um baque que fez soar novamente o alarme do segmento: uma de suas unidades, em Perdizes, bairro nobre de São Paulo, fechou definitivamente as portas.

Em João Pessoa, poucas são as videolocadoras que ainda resistem em um cenário afetado pela pirataria e pela expansão dos serviços de streaming, que já abocanharam uma fatia de consumidores que se alarga vertiginosamente (segundo dados da empresa de pesquisa comScore, divulgados em maio, o tráfego registrado pela Netflix, principal serviço de streaming brasileiro, quadruplicou desde a sua chegada no país, em 2011).

"A principal 'baixa', inicialmente, foi a pirataria, mas surgiram novos concorrentes com a internet", aponta o empresário Fabiano Nóbrega, dono da Video Store, que funciona atualmente no bairro do Bessa. "Estamos passando por um momento de avaliação, fazendo adaptações e reduzindo os custos".

Recentemente, a Video Store foi obrigada a mudar de praça: o terreno da loja então localizada há 16 anos no bairro de Manaíra foi vendido para uma empresa de construção civil.

Segundo Fabiano, o que manteve a clientela foram o serviço de entrega em domicílio e o site da empresa.

"Temos um público fiel, que preza por um atendimento diferenciado e por um produto de qualidade que ainda não pode ser obtido através de downloads", explica o empresário, que atribui sua sobrevida no mercado ao nicho 'cult' e aos adeptos do Blu-ray 3D. "Quem tem uma TV de alta definição e um equipamento de som de última geração não vai querer subutilizá-los", justifica.

O 'ATEU' DO BLU-RAY

Já o empresário José Vianei (o 'Seu' Vianei, como é conhecido pelos clientes da Esquina 200, em Tambaú) também atribui o sucesso de sua videolocadora Kauai ao público 'cult'. Ao contrário de Fabiano, porém, Seu Vianei não lida com o Blu-ray, tecnologia na qual ele diz não "acreditar" por achar uma "esperteza" da indústria.

"Com relação ao Blu-ray, eu ainda estou com um pé na embreagem e o outro no freio", ironiza. "Quem comprou, lá atrás, um aparelho de Blu-ray, agora já está tendo que trocá-lo por um de Blu-ray 3D. É uma tecnologia feita para vender."

Com um catálogo de 20 mil títulos e 3.000 clientes registrados ao longo dos mais de 15 anos em que a Kauai trabalha com o serviço de locação (até 1997 a loja só vendia roupas de surf), Seu Vianei conquistou uma clientela assídua que conta com cinéfilos ilustres, como o artista plástico Flávio Tavares e o ex-prefeito Luciano Agra, até jovens (que ele chama carinhosamente de "doindinhos") fãs de diretores "da moda" como o espanhol Pedro Almodóvar e o alemão Wim Wenders.

"Meu negócio são os filmes raros", exulta. "Eu gosto de desenterrar defuntos, filmes que ainda não saíram no Brasil e que o pessoal mais experiente me indica", diz ele, um dos entusiastas da Versátil Home Vídeo, distribuidora especializada em filmes ditos 'alternativos', provenientes da cinematografia europeia e asiática.

Personagem pitoresco, assumidamente 'chato' ("Todo cara honesto e sério é chato", declara), Seu Vianei não divide seus filmes por gênero, mas por 'área de conhecimento': "Eu tenho filmes temáticos, de Direito, Psicologia, etc, que são muito procurados por universitários, professores e alunos."

Antes de entrar no ramo dos DVDs, Seu Vianei foi funcionário de um cinema no Rio de Janeiro, dos nove anos (quando se mudou da Paraíba com a mãe) aos 18, primeiro arrumando os cartazes na vitrine, depois como projecionista.

Além de alugar filmes, ele também se considera um "faz-tudo": "Se você quiser passar uma fita cassete para um CD, eu faço; se quiser passar o VHS do seu casamento para um DVD, também faço. Tudo que mexe com música e vídeo eu faço, não há mistério."

A Video Store teve que recorrer à estratégia: além do aluguel de DVDs e Blu-rays, a loja vende produtos como sorvetes, chocolates e refrigerantes. Tudo para não ter o mesmo destino da Ribalta: então maior rede do Estado, com filiais em João Pessoa e Cabedelo, fechou sua última unidade remanescente no início deste ano.

Imagem

Jornal da Paraíba

Tags

Comentários

Leia Também

  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
    compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp