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VIDA URBANA

Saúde bucal dos bebês também é importante

Cuidado com a higiene bucal dos bebês deve começar antes mesmo do surgimento dos dentes; odontopediatra explica como. 

Publicado em 08/06/2014 às 6:00 | Atualizado em 30/01/2024 às 14:05

Superada a fase da gravidez, as mães têm outra preocupação: a saúde bucal dos bebês. O cuidado deve começar antes mesmo do surgimento dos dentes. A odontopediatra Kalina Carvalho explicou que a boca do bebê deve ser higienizada com um fralda ou gaze embebida em água filtrada. A recomendação é reforçada pelo cirurgião-dentista Aônio Vieira.

“Após as mamadas e refeições deve ser feita a higienização em toda a boca da criança. Quando os dentes da frente estiverem presentes, a mãe pode usar dedeiras, lembrando que já existe no mercado escovas apropriadas para essa faixa etária”, declarou.

Aos seis meses de vida e com um único dente, Bernardo visitou o consultório do dentista no final de maio. A mãe, Marcela (que tomou os devidos cuidados com a saúde dentária na gravidez), achou importante procurar uma especialista para esclarecer dúvidas relacionadas à saúde bucal de Bernardo. “Saí do consultório com outra visão sobre como devo agir em relação à higienização da boca do meu bebê”, declarou. Uma das orientações recebidas foi a da fralda embebida em água, coisa que até então Marcela desconhecia. Ela disse que pretende levar o filho ao dentista a cada três meses para fazer o acompanhamento adequado.

A estudante Luana Costa, mãe de Gabriel (2 anos), vem tentando driblar as dificuldades da escovação. Ela contou que já tentou de tudo: brincadeiras, creme dental com sabor de frutas e até escovação em grupo. Não adiantou. Gabriel se recusa a abrir a boca quando a mãe apresenta a escova. “Eu fico apreensiva com essa situação, tenho muito medo que ele tenha cáries. Estou programando a ida ao dentista, para buscar ajuda”, revelou.

Bebês que mamam no peito também estão sujeitos à incidência de cárie precoce, que por muito tempo era chamada de 'cárie de mamadeira' (leia mais sobre esse problema no quadro abaixo). “Muitos bebês passam a noite mamando.

Quando eles já têm dentes a preocupação deve ser maior”, frisou. A cárie nos dentes dos bebês começa na parte frontal, com uma mancha branca, e rapidamente se espalha. “Há casos de crianças de dois anos que necessitam fazer canal”, afirmou a odontopediatra.

Ao mesmo tempo que querem cuidar, os pais acabam contribuindo negativamente para a saúde bucal dos bebês, por falta de conhecimento. Os erros mais comuns são beijá-los na boca (o romântico selinho), assoprar ou provar a comida do filho, dividir o mesmo talher (o que pode contaminar o bebê com a bactéria da cárie, que é transmissível), dentre outros.

A escovação é outro desafio para os pais. Muitas crianças resistem a esse hábito, até porque não têm conhecimento da importância de escovar os dentes. “Por volta dos 18 meses eles só fazem basicamente morder as cerdas da escova. Nessa fase as crianças ainda não possuem coordenação motora, por isso os pais é que devem fazer a escovação”, declarou. A escovação deve ser feita no mínimo três vezes ao dia – ao acordar, depois do almoço e antes de dormir.

Outra dúvida dos pais é em relação ao uso do creme dental com flúor. Um novo estudo da American Dental Association (ADA) recomenda que uma pequena quantidade de creme dental com flúor seja colocada na escova de dentes de menores de cinco anos. O uso deve ser feito duas vezes ao dia, logo que os dentes nascerem. Segundo Kalina, a frequência de uso e a concentração pode variar de acordo com os hábitos alimentares de cada criança.

IDAS AO DENTISTA DEVEM COMEÇAR ENTRE SEIS MESES E UM ANO DE VIDA

E quando é hora de levar o bebê ao consultório do dentista? Segundo o cirurgião-dentista Aônio Vieira, essa é uma dúvida muito comum entre os pais, que são tomados por outros questionamentos relacionados ao assunto. “O mais indicado é levar o bebê ao dentista entre os seis e os 12 meses de vida, quando os dentes de leite começam a aparecer”, declarou.

Segundo ele, essa ida ao dentista deve ter a finalidade preventiva, para que exista um constante acompanhamento da saúde bucal do bebê desde cedo.

Tanto a erupção dos dentes de leite quanto qualquer outra anormalidade deve ser assistida por um cirurgião-dentista devidamente habilitado e autorizado, conforme lembrou Vieira. “No período de nascimento dos primeiros dentinhos, o bebê sente muita coceira na gengiva e irritação. As consultas vão servir para que os pais saibam a alimentação e técnicas adequadas para aliviar o problema”, afirmou.

O dentista lembrou que os dentes de leite são muito importantes e merecem todos os cuidados possíveis. “São eles que guiam o nascimento dos dentes permanentes, que abrem os espaços para a dentição posterior e são essenciais para uma boa mastigação e também para a fala”, disse.

Segundo ele, os pais podem recorrer às brincadeiras para quebrar a resistência do uso da escova pelas crianças com menos de dois anos. “Os pais devem escovar primeiro seus dentes na frente da criança para que ela siga essa rotina como exemplo. Podem, juntos com o filho, mostrar que eles também se preocupam com seus dentes e escovam sempre após as principais refeições”, comentou. A coordenação motora para fazer sozinha a higienização bucal só é adquirida após os sete anos de vida, conforme afirmou Vieira.

Cárie de mamadeira. Existe um mal que acomete cerca de 60% das crianças de até três anos de idade: a famosa 'cárie de mamadeira'. Mas ela pode ser evitada com algumas atitudes. O problema é causado principalmente pela alimentação noturna da criança (seja leite materno ou não), seguida do sono sem a devida higienização. A saliva tem uma ação protetora dos dentes e ajuda a manter a boca limpa, mas ataca todos os dentes da criança, provoca o mau hálito, deficiência na mastigação e na fala, e pode comprometer a estética. Outro fator que provoca a cárie de mamadeira é o hábito da mãe colocar açúcar para adoçar a chupeta para acalmar o bebê e fazê-lo dormir. Introduzir carboidratos na alimentação e não fazer a limpeza é outro grande erro dos pais.

Bebês podem usar flúor. A Associação Brasileira de Odontologia (ABO), assim como o Ministério da Saúde, recomenda o uso de creme dental convencional com baixa recomendação de flúor. Para bebês, os cremes dentais devem ter baixa concentração de flúor devido à imaturidade de deglutição. Sempre sob a supervisão de adulto, recomendo o uso do creme dental sem flúor nas regiões onde se tem água fluoretada.

O acúmulo de flúor no organismo das crianças pode causar a fluorose (manchinhas brancas nos dentes). Deve ser usado a partir da erupção dos primeiros molares decíduos (14 meses), na quantidade equivalente a um grão de arroz cru, entre uma e três vezes ao dia. Existe no mercado cremes dentais que utilizam produtos como a clorexidina, o xilitoal e a malva.

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Jornal da Paraíba

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