Esposa de vereador recebia benefício do Bolsa Família desde 2004

João Paulo Medeiros
Do Jornal da Paraíba

A mulher de um vereador de Taperoá, no Cariri, estava incluída na lista dos 1.973 beneficiários do Programa Bolsa Família do Governo Federal no município. Maria Leonilda de Oliveira figurava como dependente de Irandir Ferreira Vilar (DEM), conhecido como ‘Branco’, vereador da cidade desde 2004.

Um ofício do Ministério do Desenvolvimento Social aos gestores do programa da cidade, pedindo informações sobre a situação socioeconômica da família e cancelando o cadastro no mês de maio deste ano foi o documento revelador do escândalo. Taperoá tem uma população de pouco mais de 15 mil habitantes.

Após receber a notificação, o gestor do Bolsa Família no município, Hildebrando Mizael, repassou o ofício à Câmara de Vereadores. Mizael esclareceu que não tinha conhecimento do caso. “Na época do cadastro, ele não era vereador e em 2004 se elegeu, mas a ficha continuou”, justificou.

O presidente da Câmara, Ailton Paulo de Sousa (PSDB), decidiu encaminhar os documentos há oito dias ao Ministério Público. Na tarde de ontem, a reportagem do Jornal da Paraíba tentou entrar em contato, por telefone, com Irandir Ferreira, mas não conseguiu localizá-lo. A esposa e beneficiária da Bolsa Família informou só ter recebido o benefício até 2004. “Assim que ele foi eleito eu procurei a secretaria para dar baixa e nós não recebemos mais”, assegurou, acrescentando que possui quatro filhos com “Branco”.

Bayeux

Caso semelhante envolveu, meses atrás, o presidente da Câmara de Vereadores de Bayeux, Mizael Martinho do Carmo (DEM), o Fofinho. De acordo com denúncias, filhos do parlamentar estariam cadastrados no mesmo programa do Governo Federal, mas o vereador alegou na época que as denúncias eram manobras políticas de adversários querendo prejudicá-lo. Garante ter devolvido os recursos ao programa.

Outros casos

As denúncias de possíveis irregularidades no cadastro do Programa Bolsa Família também chegaram a Sousa, no Sertão. Durante um recadastramento, o Ministério do Desenvolvimento Social detectou nomes de empresários, proprietários de veículos e imóveis, agentes comunitários de saúde e até policiais militares foram encontrados fazendo parte da lista de beneficiários do programa.

No entanto, de acordo com o secretário de Comunicação da prefeitura, Alexandre Galvão, as pessoas que recebiam indevidamente o dinheiro - 123 no total - tiveram os benefícios suspensos e outras 700, os cadastros bloqueados por falta de informações.

O prefeito Fábio Tyrone (PTB) determinou a abertura de um procedimento investigativo, para apurar possíveis responsabilidades administrativas de servidores municipais. “Todas as pessoas que estavam recebendo indevidamente serão afastadas”, acentuou Alexandre Galvão.